Um grande Amor

Cap. 1

Lívia não conseguia acreditar no que acabara de ouvir, sentia o nó em sua garganta, seu peito sufocando uma dor infinita, não sabia o que fazer. Saiu sem rumo, sem destino.

Ela se viu em frente à casa de sua prima não sabia o que fazia ali, mas entrou. Era cerca de 8h da manhã de um domingo ensolarado, mas para ela o sol quase que não existia. Bateu na porta duas vezes, uma mulher atendeu devia ser uma das donas da casa, perguntou se ela estava e entrou, foi ao seu quarto, parou na porta.

-Oi... Posso entrar?

-Oi. –respondeu Val com a voz sonolenta. –Aconteceu alguma coisa... Entra.

Lívia não falou nada sentou na cama e fitou a parede por algum tempo.

-Eu te acordei né, desculpa e que eu não sabia pra onde ir é...

-O que aconteceu?

-Sabia que você foi à primeira menina que eu gostei, sem saber, eu a amava, muito... Eu não sei explicar, eu gosto de meninos mais ela era especial, eu a amava e agora... –as lagrimas começaram a rolar em seu rosto. –Ela se foi, pra sempre se foi, e eu sinto que foi um pedaço de mim com ela, ficando só a dor, a dor insuportável... Ela me deixou.

Val sentou na cama, não havia entendido muito bem o que Lívia acabara de dizer, não conseguia raciocinar muito bem.

Lívia continuou: - Porque isso? Porque se você aceita esse amor todos te recriminam? Porque ele permitiu que eu superasse isso e depois a tirou de mim? Porque eu não posso ser feliz, como todo mundo? -ela se virou para Val como se suas perguntas fossem para ela, depois voltou seu olhar para a parede.

Val não tinha idéia do que dizer, do que fazer...

Parecia que os pensamentos haviam se encontrado e voltado para um tempo de festa...

Cap.2

... Lívia não estava nem um pouco a fim de ir aquela festa, sempre se manteve um pouco afastada da família, mas prometera a seu pai que iria e Marina concordara de ir dessa vez. Já na festa de aniversário de seu primo Carlos, a família estava toda reunida Lívia aos poucos foi se sentindo mais a vontade, apresentou Marina como uma amiga.

Marina estava um pouco desconfortável e Lívia a deixara sozinha varia vezes e estava sempre olhando pro celular, como se esperasse um telefonema, Marina chamou sua atenção, Lívia a deixou falando, passado alguns minutos voltou e pegando em sua mão a levou para fora.

-Vamos dar uma volta, quero falar com você. –seguiram até o fim da Rua Lívia paro. –Aqui esta bom.

-Fala Lívia, o que você que? –Lívia a puxou para perto e a beijou, em seguida disse:

-Quero ficar um pouco sozinha com você, beijar sua boca gostosa.

-Há Lívia para de graça, agora vai fingir que não tivemos aquela conversa?

-Marina...

-Lívia eu vim pra essa festa porque eu já tinha prometido, mas isso não muda nada... Você não sabe o que quer, e pra mim já deu. –Marina ia saindo quando Lívia pegou em seu braço e disse:

-Eu quero você

-Agora, nesse minuto, hoje, mas i amanhã, amanhã eu volto a ser só a sua melhor amiga...

-O que você quer? Uma definição? Eu não tenho. Você quer que eu diga o futuro? Eu não sei, não tenho bola de cristal...

-Não é...

-O que eu sei e de hoje, e hoje sim, eu quero você, qual o problema nisso? –Marina ia responder, mas sua voz ficou presa, Lívia novamente a puxou contra o peito e disse:

-Seja meu bofinho hoje. –elas se beijaram longamente...

... Lívia levantou a cabeça e se levantou.

-Val, obrigada por me ouvir, tchau.

-Aonde você vai?

-Não sei, acho que vou à casa da Mãe dela, sei lá. –o ultimo lugar que ela queria ir agora era para a casa da Sr.ª Bianca, muito menos queria ir para sua casa, quando estava no portam seu telefone tocou:

-Lívia sou eu a Rafaela, Onde você ta? Eu to um tempão tentando falar com você, como... Ah minha amiga, me fala onde você ta, não é bom você ficar sozinha...

-Você ta em casa?

-To sim, pode vir não tem ninguém aqui.

Assim que Lívia viu Rafaela o choro voltou a sua garganta a sufocando, Ela correu até a amiga e abraçou-a chorando, chorou todo o pranto que a sufocava...

Cap. 3

...na hora do parabéns Lívia se aproximou de Marina por traz e ao seu ouvido disse:

-Eu quero te beijar.

-E feio sair no meio do parabéns.

-Eu quero te beijar agora, vira pra mim.

-Para de graça...

-Não to com graça, não foi o que conversamos ontem, abrir tudo, tem muita gente aqui, vai ser um espetáculo e tanto...

-Para de brincar... –Lívia começou a beijar sua orelha delicadamente. – Isso não vale.

-Vira pra mim, seja minha bofinho hoje.

Nesse instante chegou um rapaz e pegou em seu ombro dizendo; - Lívia tem um cara te chamando no portão.

Ela foi até lá conversou com seu amigo e quando ele foi embora Marina já estava no portão.

-Eu vou embora.

-Por quê?

-Você ainda pergunta... Você nem sabe o que fala... Nós vemos amanhã.

-Não, você fica ainda nem me deu um beijo de verdade, não aceitou ser minha bofinho, vai sair assim, depois eu e que sou indecisa.

-Você que um beijo! – Marina a puxou pelo braço ficou a poucos centímetros de distancia, se olhando, mas não se beijaram, ficaram em silêncio até que Lívia falou;

-E então, como vai ser?

- Vai ser o que? –falou Marina a soltando.

-Você acha que eu to de brincadeira né. – ela vira e vê sua prima, da um sorriso malicioso e fala: - Você ta uma gata hoje.

-Oi? Ah!!! Tudo bem, eu ainda não tinha te visto. –ela se aproximou de Lívia e lhe deu um beijo no rosto, em seguida cumprimentou Marina.

-Caramba você ta gostosa em prima. –Val olhou com uma cara de espanto, mas fingiu que não tinha ouvido.

-Eu vi a Patrícia, e fiquei me perguntando. Como vocês conseguem ficarem tão gatas...

-Pare de graça Lívia. –repreendeu Marina.

No momento chegou mais duas primas de Lívia, Karla e Patrícia, elas se juntaram a elas e ficaram conversando, Lívia toda hora fazia uma gracinha, lá fora também estava um primo e seus amigos.

Seu primo a chamou quando ela estava preste a falar uma grande besteira.

-Fale amor? –pediu ela sorrindo.

-Li esse é meu amigo Guilherme.

-Prazer...

-Pronto já fiz a apresentação. –dizendo isso ele se afastou, deixando os dois sozinhos.

Percebendo as intenções do garoto Lívia olhou em direção a Marina e sorriu com más intenções.

-E então Guilherme, quantos anos você tem?

-È isso faz diferença? –perguntou ele com malicia. –Tenho 16. Você é linda!

-Obrigada, você também não é feio, quero dizer você é um... Gato. –disse á o analisando sem pudor.

-E então. –ele se aproximou dela. –Vamos... –se aproximou ainda mais ficando centímetros de sua boca. Lívia levantou sua mão a colocando entre eles.

-Sou comprometida.

-Não sou ciumento, e além do mais. -ele olhou sobre seu ombro. –Eu não o vi por aqui... Ele deve ser louco por te deixar sozinha.

-Você acha? –ela sorriu sarcástica. –Tem certeza que não está aqui? –ela se virou pra sair, mas ele a segurou pelo braço e a puxou.

-Sei que...

-Vou lhe mostrar o par da aliança. –falou ela em seu ouvido, lhe interrompendo, e se afastando em seguida.

Lívia andou em direção ao portão, mas como se muda-se de idéia se virou em direção a Marina que a olhou com duvidas, Lívia sorriu quando estava a poucos passos dela e sem menos esperar a enlaçou e lhe deu um beijo apaixonado. Assim que seus lábios se separam Marina ofegante disse;

-Você enlouqueceu!

-Você não queria uma definição. –lhe deu mais um beijo. –E eu disse que queria lhe beijar.

O espetáculo foi presenciado por poucos, e quem viu ficou um pouco confuso, Lívia se virou para as primas e segurou a mão de Marina, que por sua vez abraçou a cintura da morena.

-Chega de se esconder. –falou ela indo em direção as meninas. –Marina é minha bofinho, minha namorada. –sorriu irônica e começou a andar em direção ao portão.

-A onde você vai? –perguntou Marina.

-Já disse chega de mentiras, de se esconder. Vamos contar a todos.

-Você pirou? –perguntou ela parando de andar.

-Estou totalmente sã.

-Aqui não é hora nem lugar, Lívia.

Lívia meio a contra gosto aceitou esperar mais um pouco. O clima ficou meio tenso mais logo passou...

Cap. 4

...Quando Lívia entrou na casa da senhora Bianca seu coração congelou e foi inundado de lembranças, respirou fundo e se colocou a disposição, mas não havia muito que fazer a não ser tentar consolar, dar apoio, e fazer companhia a mãe de Marina. Lívia não falava muito, mais a ouvia com atenção.

-Sabe que e pior menina, é que eu ainda não tive coragem de ver meu neto, como explicar para uma criança que não tem nem dois anos o que aconteceu com sua mãe, como Lívia? Como?

Lívia ainda não havia pensado no pequeno Isaias, seria mesmo difícil, quando ele começa-se a chamar pela mãe. Mas outra coisa veio em mente, não sabia como, o que de fato aconteceu a Marina, não se sentia a vontade para perguntar à senhora Bianca. Antes do enterro foi à casa de sua mãe, precisava se distrair e organizar os pensamentos, Rafaela a deixou lá e foi a sua casa se trocar, sabia que ali Lívia não faria nenhuma besteira.

-O que foi minha filha? –perguntou Raissa ao ver a filha calada, mas não deu tempo dela falar e continuou. –Espero que não esteja assim de novo por causa daquela garota.

-Mãe...

-Não Lívia, você tem que superar isso, você mesma disse que não é homossexual, e essa menina pelo que sei também não é, ela só está te machucando, eu achei que você voltaria dessa viagem mais certa sobre si mesma, e com a alta estima melhor também... -Raissa falava sem parar não dava nenhuma chance da filha dizer qualquer coisa, Lívia já não estava se agüentando. –Filha entenda essa menina não é pra você ela só...

-Mãe...

-Lívia nem me vem com eu a amo, pare de se enganar minha filha, essa menina não presta...

-Chega. –pediu Lívia num grito. –Chega, não quero mais ouvir nada, não quero saber se você acredita ou não, eu não... Pode ficar tranqüila, eu... –ela já estava com o rosto banhado em lagrimas. -Não vamos ficar mais juntas, nunca mais... Satisfeita.

-Lívia, Lívia. –chamou Raissa, mais a filha já havia saído.

Mais tarde quando Rafaela já estava pronta, foi à casa de Raissa para pegar Lívia.

-Mais ela disse que me esperaria. –argumentou a menina.

-Agente discutiu e ela foi embora. Mas aonde vocês vão? Ela não me parecia disposta a sair ainda...

-Ela não lhe contou? –perguntou Rafaela enquanto tentava falar com Lívia no celular.

-Me contou o que?

-A Marina faleceu.

Cap. 5

...Lívia estava tentando fazer as coisas certas, estava tentando se entregar a Marina como ela havia se entregado a ela, mas ainda tinha determinados pontos da sua vida que não estavam arrumados, que ainda tinham que ser resolvidos. Lívia queria provar a Marina que não queria mais brincadeiras, mas como sempre ela não a ouvira, então Lívia propôs uma noite fiel. Aproveitaria a festa da Biba pra fazer isso, e também mostraria a suas primas como se diverte.

-É ai gata? Como se tá?

-To bem amoré, e você?

-Bem, zoera hoje?

-Não Rafaela, hoje sou comprometida.

-Ainda tentando convencê-la, já pensou que ela simplesmente não quer acreditar.

-E por que faria isso?

-Pra... –Rafaela ia conclui seu raciocínio, mas resolveu calar-se “Lívia era esperta mais cedo ou mais tarde descobriria”, pensava ela enquanto Marina saia do carro. –Por que vocês não vieram juntas?

-Han? Ah! A Biba pediu que eu chega-se um pouco mais cedo.

-Oi amores.

-Amores? Pensei que eu fosse única.

-Perdeu Lívia, ela não consegue me tirar de sua vida.

-Ah claro, só considero, pois e você.

A noite seguia agradável Biba era uma excelente anfitriã e se desdobrava para dar atenção a todos os convidados que eram mais de 50. Veio pra festa Val, Karla e Juninho um amigo do trabalho dela. Biba como sempre não deixou as meninas sozinhas, logo arrumou companhia para elas, belas companhias de lindos gogo-boy.

Por volta da meia noite Lívia estava conversando com um casal de meninas amigas dela, quando sentiu alguém a puxando pelo braço, sem muito controle sobre si e achando que era um amigo, foi levada até um lugar afastado e quando ele finalmente parou a virou e a abraçou com força, Lívia percebendo de quem se tratava o emburrou com toda força que tinha.

-O que você acha que tá fazendo? –perguntou ela exasperada.

-Te abraçando, mostrando que estava com saudades de ti. –disse ele rindo

-Quem te convidou?

-Eu não preciso de convite. Por que você não pare de graça e me abraça, sei que também estava com saudades.

Do outro lado do salão estavam Karla, Val e Rafaela.

-Quem é o gato com a Lívia? –perguntou Karla.

-Que gato? A onde?

-Ali, alto, forte, moreno claro, bonito e insistente.

-Caramba você enxergar bem.

-Conhece?

-Cadê a Marina? –perguntou Rafaela assim que reconheceu o cara.

-Ela disse algo como... “Ela não muda”. Ou algo do tipo. –falou Val, meio distraída.

-Aquele é o Alex, ex da Lívia.

-Serio, ela largo ele pra ficar... Não me entendam mal. - falou Val.

-E uma historia complicada, ele a enrolou por dois anos, era noivo ou é não sei bem. –explicou Rafaela.

-Nossa babado forte. –comentou Karla.

-Isso explica o comentário da Marina, ex, paixão ainda viva, e difícil de aceitar. –falou Val por fim.

Lívia ainda se mantinha imóvel, enquanto Alex falava o que havia acontecido e se explicava o porquê de ter se afastada.

-Gata eu terminei com a Gabriela, tudo vai ficar bem agora.

-Alex acabou.

-Você tá linda, mais linda do que nunca.

-Alex, por favor. –pediu ela já cansada, levantou a cabeça. –Você acha que eu vou acreditar em você dessa vez?

-Porque eu mentiria? Lívia pare de fingir, eu sei que você mi ama.

-Ta enganado...

-To mesmo? –perguntou ele cético, enquanto segurava sua mão. –Quem está enganando? –perguntou ele analisando sua aliança.

-Não estou enganando ninguém, estou comprometida. –lembrou-se de Marina e quanto aquela sena estava estranha e desagradável.

-Não minta pra mim. –pediu ele a abraçando.

-Me solta. –pediu ela enquanto procurava alguém para ajudá-la, já que ele era forte e seria inútil tentar afastá-lo. –Me solte, por favor.

Biba estava conversando com o DJ quando viu Lívia com Alex, percebeu que havia algo errado que a amiga estava com problemas, chamou dois seguranças e foi até eles.

-Algum problema por aqui? –perguntou ela.

-Só o da sua presença. –falou ele.

-Solte-a.

-Cai fora eu não gosto de traveco.

-Minha festa, e pelo que me lembro você não foi convidado Alex. Então vai embora.

-Só saiu com a Lívia. Quer ir embora amor? –perguntou ele ignorando a anfitriã.

-Por favor, Alex, vai embora. –pediu ela um pouco assustada.

-É melhor você ir, ou vou ter que pedir para eles te tirarem daqui. –falou ela se referindo aos seguranças.

-Não tenho medo das suas amiguinhas. –falou ele peitando os seguranças.

Nesse momento um amigo de ambos que era um oficial da policia que estava assistindo a sena de longe prevendo a confusão, pegou Alex pelo braço e o arrastou para fora da casa noturna.

-Nossa conversa não acabou Lívia. –falou por fim.

Cap. 6

Biba colocou a mão no ombro da amiga a reconfortando.

-A Marina esta no bar. –dizendo isso saiu.

Lívia ficou parada mais alguns segundos organizando os pensamentos. “Ela deve ter visto ele.” Concluiu “Deve ter entendido tudo errado”. Disse a si mesma enquanto caminhava em direção ao bar.

-Marina. –chamou. –Marina eu...

-Eu o vi com você. –disse sem olhá-la.

-Não foi...

-Não precisa explicar.

-Eu o mandei embora, disse a ele...

-Vai atrás dele, está livre do trato de hoje. –disse com amargura.

-Marina. –começou ela sem muito entender, mas foi interrompida.

-Lívia. Sei que amanhã ou depois vai ser isso que ira acontecer, porque ainda gosta dele e...

-Por favor, me escuta. –pediu ela.

-Não precisa mentir pra mim. –continuou ela sem dar ouvidos a morena. –Sei que só o dispensou, pois assumiu um compromisso de ficar comigo hoje é...

-Marina, por favor, me escuta. –pediu novamente já com lagrimas nos olhos.

-Não quero ouvir, me faz um favor. Me deixa aqui vai embora. –pediu antes de voltar a beber seu whisky.

Lívia pensou em tentar lhe explicar tudo mais conhecia bem Marina e sabia que ela não a ouviria, então foi embora a deixando sozinha como havia pedido. Já La fora com o vento fresco batendo no rosto ela deixou que algumas lagrimas ralassem pelo seu rosto. “Você sempre atrapalhando minha vida Alex, sempre.” Pensou ela enquanto deixava sua mente vagar no passado.

Flash Back.

Lívia já estava cansada de esperar Rafaela quando o viu, lindo, forte, moreno claro, sentiu seu coração disparar quando ele começou a andar em sua direção.

-Oi gata, será que você poderia me dar uma informação? –perguntou ele jogando todo seu charme.

-Claro. –falou ela com um sorriso enorme.

Era nisso que Lívia pensava enquanto rasgava sua ultima carta. “Como posso ser tão burra?” se perguntava. “Como posso ainda gostar tanto daquele filho de uma... Como meu Deus?” essas eram suas perguntas dês de sedo, mais ainda não havia encontrado resposta, mas não era só nele que sua cabeça estava, ela não conseguia entender o que havia acontecido mais cedo na casa da Marina, ainda sentia o gosto da boca “não, isso não é certo, ela é apenas uma amiga, não posso fazer isso com ela apenas por estar com raiva dele e me sentir rejeitada, não posso.” Repetia pra si mesma, mas não conseguia negar a atração que sentia por ela, Lívia já estava se acostumando com a idéia quando ele apareceu lhe pedindo desculpas que iria mudar e que havia terminado com Gabriela e como sempre Lívia acabou acreditando nele.

Fim Flash Back.

Lívia ainda estava nesse mar de lembrança quando Marina tocou em seu braço, a trazendo para o presente.

-Lívia, eu... Me desculpa...

-Marina, quando agente começou eu falei que não estava pronta para um relacionamento, agente fez um trato sem cobranças, você lembra?

-Eu sei você não tinha certeza do que queria então eu falei que não era um namoro, não seria nada serio.

-Eu não o convidei, eu não quero nada com ele, eu o mandei embora...

- Eu sei. –falou ela pegando em sua mão e a puxando para um beijo.

Antes de o beijo acontecer Alex apareceu e disse:

-Veio pra terminar nossa conversa amor?

-Alex! –exclamou ela assustada.

-E então, vamos continuar nossa conversa, ou quer fazer algo mais divertido. –disse se aproximando.

Marina olhou dele para Lívia, que não disse nada, em seguida saiu.

-Marina. –chamou Lívia, mas não obteve resposta.

-Vamos Lívia.

-Vamos a onde? Você ainda não entendeu que acabou, que não á mais nada entre nós, que eu não quero que eu sinto nojo de você.

-Do que está falando?

-Estou falando que eu não te amo, eu só amo aquela garota que acabou de entrar por que de novo entendeu tudo errado, por que acredita que ainda existe algo entre a gente, é Alex entenda não existe. –falou isso é voltou ao salão.

Cap. 7

No palco havia começado a dança sensual de toda noite de sábado, Rafaela já estava no palco dançando e havia dois rapazes e uma garota, o objetivo era conseguir seduzir a dançarina, quem conseguir ganha-la iria ficar o resto da noite desfrutando de sua companhia. Biba fez questão de Marina subir ao palco, Lívia chegou nesse momento, parou ao lado de suas primas e ficou observando o espetáculo. Rafaela começou a dançar e a provocar as pessoas no palco e fora dele também. Não demorou muito para que Marina a dominasse a seduzisse.

-Agora sou toda sua. –disse Rafaela assim que acabou a dança.

-Adoraria desfrutar sua companhia, mas creio que minha namorada não ira gostar muito. –falou ela olhando para Lívia. –Possa passar, pra outro. –perguntou ela discretamente.

-Vou abrir uma exceção.

Marina levou Rafaela até Juninho e a entregou a ele, depois andou até a Lívia é a beijou com fervor. Lívia a levou até um lugar mais calmo e disse.

-Eu contei pra minha mãe.

-Que?

-Eu falei pra ela que agente ta junta, que...

-Você disse a ela?

-Disse.

-Você ficou louca? Lívia, por que...

-Eu disse a ela que eu a amo.

-Que?

-Eu falei pra ela, que eu amo você. –disse sorrindo.

... Ela estava sentada no portão fazia horas, o vento batia suavemente em seu rosto, era uma noite agradável, a lua banhava a rua e as estrelas preenchiam todo o negro céu, sua mente vagava, seus pensamentos voavam com a brisa, quanto mais ela pensava, menos via a solução, nem o porquê de Marina ter feito isso. “Marina, o que você pensa que ta fazendo meu amor? Por que pediu isso a mim? Eu não vou conseguir cuidar dele, eu não vou conseguir sem você.” Pensava ela enquanto caminhava de volta a sua casa.

Lívia tomou um banho e sentou em frente ao computador, fazia uma semana que não escrevia nada, seu prazo estava acabando; tinha duas semanas para entregar o seu ultimo trabalho da faculdade. Precisava desse trabalho para terminar o ano. Releu a ultima trecho do que escrevera, e tentou concluí-lo, mas nada conseguiu. “Não consigo meu amor, eu não consigo mais nada sem você.” Lívia se afastou da mesa e ligou o som, sabia que só iria piorar sua saudade.

...A que bom,

Seria se eu pudesse te abraçar,

Beijar, sentir,

Como na primeira vez,

Te dar

Carinho que você merece ter,

Eu sei

Te amar como ninguém mais...

Lívia abraçou as pernas e começou a olhar as fotos que tinha de Marina no computador, seu peito doía uma dor infernal. A melodia da musica não ajudava muito. Sentiu a primeira lagrima romper seu rosto, pensou em limpa-la em segura-la, mas deixou que ela cai-se seguida de mais e mais lagrimas.

...Só você

Pra dar a minha vida direção,

O tom, a cor,

Me fez voltar a ver a luz,

Estrela no deserto a me guiar,

Farol do mar da incerteza.

Um dia um adeus...

...Ninguém já mais te amou como eu.

Lívia queria sair do mar de tristeza que á afogava, mas não conseguia, desligou o som sentou novamente ao computador e começou a escrever.

O velho livro na estante, empoeirado

O velho disco na vitrola, girando

O nível do mar.

A minha cabeça girando

Meu estomago embrulhando

O coração acelerando

-É depois... O fim!

As recordações do dia a dia,

Na memória os grandes dias.

-Hoje o céu chora comigo!

E a todo o momento sinto que você entrará pela porta

E dirá que está caindo o céu lá fora.

Então pegarei uma toalha e a secarei.

Isso não faz sentido!

Não há motivo para continuar,

Não faz sentido remoer essas lembranças;

Pois você se foi e deixou um vazio em meu peito.

Hoje eu queria chorar, gritar!

E assim preencher o abismo.

Hoje seria fácil de mais esquecer tudo,

Hoje, só hoje eu queria sentir sua pele novamente,

Sentir seus lábios tocando os meus.

-Nunca mais...

Cap. 8

O mês passou quase em câmera lenta, Lívia só saia de casa para ir trabalhar, quase não comia, e não retornava as ligações dos amigos e familiares, de vez em quando ia visitar Isaias, mas não ficava muitas horas na casa da senhora Bianca. Às vezes Biba ou Rafaela ia a sua casa para ver se estava tudo bem com a amiga.

Lívia não sentia apenas saudades de Marina, também sentia raiva de seu grande amor, mais normalmente sentia raiva de si mesma.

Ela estava sentada no sofá vendo a estante empoeirada, lembrando de como ela lhe fazia massagem após um dia cansativo do trabalho, dos breves toques de carinho em publico, que muitas vezes se resumiam a um simples olhar. “Como eu não percebi.” Pensou ela. “Como ela conseguiu esconder isso de mim por tanto tempo? Porque Deus... porque eu não percebi?” se perguntava varias vezes enquanto olhava a estante empoeirada a sua frente. Permitiu-se voltar ao passado, há alguns meses atrás, pouco antes de viajar, antes de ela ir.

Flash Back

-Lívia o que faz aqui? –perguntou Marina assustada.

-Vim ver como vocês estão, você e meu lindo menino.

-Ele está bem. –disse enquanto caminhava rumo à cozinha.

-E você? Está um pouco pálida, tudo bem?

-Estou bem Lívia, não se preocupe comigo.

-Eu vim aqui porque a gente te que terminar aquela conversa.

-Não temos mais o que dizer.

-Porque você foge? Porque mente...

-Lívia eu não estou fugindo, você está, está fugindo da realidade, ta ignorando o que eu te disse antes.

-O que você disse antes? Antes da longa noite de amor que tivemos. –perguntou cínica.

Marina ficou calada por um tempo, organizando seus pensamentos, tentando achar um jeito de fazer Lívia entender as coisas sem se machucar, mas chegou à conclusão que isso era inevitável.

-Lívia, você não é lésbica, você é hetero. –afirmou Marina.

-Como sabe? Como pode afirmar se você não sabe o que tem dentro do meu peito, não sente o que eu sinto...

-Você pode estar confun...

-Não Marina. Não sou mais criança, sei exatamente o que sinto e o que quero.

Marina parou de encará-la voltou seu olhar para o pequeno Isaias.

-É ele? Estamos acostumadas a sofrer preconceito, mais e ele, ele é apenas uma criança Lívia. –voltou a olhá-la. –Agora eu sou mãe tenho que pensar no bem estar dói meu filho.

-E você acha que eu não penso nele? Vamos ensiná-lo a...

-Você sabe que não e assim.

-E mais fácil criá-lo em cima de mentiras. Não e melhor ele crescer numa casa cheia de amor, ao invés de uma cheia de mentiras, em que mãe esconde o que sente o que é.

-Não adianta conversarmos, sempre acabamos voltando, batendo nas mesmas teclas.

_então? –ela se aproximou mais de Marina. –Pare de fingir, pare de mentir, assuma que me ama e...

-Lívia. –ela se afastou. –Eu não... Acabou. –disse decidida. Acabou.

Lívia não acredita em nenhumas de suas palavras, mas sua frieza a machucava como facadas. Ela não parou de fita-la nem deixou transparecer a dor que estava sentindo, tinha tomado uma decisão e iria até o fim agora.

-Você não acredita! –falou Marina. –Não vai aceitar o fim?

Lívia se mantinha calada, entendia que as perguntas eram apenas constatações.

- Vai dificultar mesmo as coisas? –continuou Marina, Lívia ia responder mais não ouve tempo. –Eu não devia ter dado o Isaias pra você batizar. –disse com pesar antes de lhe virar as costas.

Aquilo fora de mais para Lívia, não conseguiu mais contar as lagrimas que já rolavam soltas pelo seu rosto, aquela frase fora como um golpe fatal.

-Tudo bem. –disse ela andando em direção ao menino. –Se e o que você quer. Vamos ver um modo para que eu o veja, sem que atrapalhe sua vida. –falou enquanto passava a mão na cabeça da criança. –Mais saiba que eu a amo. Isso não muda. –disse antes de ir embora.

Fim Flash Back

“Isso não muda” disse Lívia pra si mesma quando voltou ao presente trazendo consigo algumas lagrimas. Ela pegou o envelope pardo que estava em cima da mesinha, tirou o laudo medico e o leu incrédula, não conseguia entender do porque que Lea lhe escondeu a doença, não querendo mais se tortura o colocou de volta ao envelope em seguida tirou outro documento, esse era a copia do testamento o leu mais uma vez:

“Eu Marina Pereira em pleno poder de minhas faculdades mentais, declaro como minha ultima vontade, que passo a guarda e tutela do meu filho menor de idade, assim como os meus bens para sua madrinha Lívia Martins, até que o referido menor atinja a idade de 25 anos...”

Lívia lia e relia o documento, fazia duas semanas que o testamenteiro havia lido o documento e ela ainda não tinha buscado o menino. A Srª Bianca não se opôs em nenhum momento ao pedido da filha, e propôs a Lívia que o menino fica-se com ela até que Lívia organiza-se sua vida. Mas ela tinha que se decidir se ficaria com a criança como havia pedido seu grande amor, mas não se sentia capaz de criá-lo às vezes não conseguia cuidar nem de si próprio como cuidaria de uma criança. Foi pensando nisso que seguiu até a casa de sua mãe afim de um conselho que só mãe sabe dá.

-Você está pensando...

-Não sei mãe, eu não sei o que fazer. –falava Lívia cansada.

-Lívia filha, eu não sei se é uma boa, essa criança... Criar uma criança não é fácil, ainda mais que ele não e seu filho. Você ainda é jovem ainda há muito a viver...

-Eu sei mãe, eu sei de tudo isso, mas foi o ultimo desejo dela, é...

-Filha você sabe que eu sempre fui contra o relacionamento de vocês, não por eu não aceitar sua opção, mas por que eu não acho que essa era sua verdadeira opção e aquela garota pra mim...

-Mãe, por favor, não começa.

-Lívia... –ponderou a mãe.

-Não, eu sabia que você não... Eu não devia ter vindo. –falou Lívia se levantando e saindo, não sabia onde estava com a cabeça quando veio falar com a mãe, mas com certeza não foi uma boa idéia. “Claro que ela acharia loucura, não gostava de Marina, sempre se opusera, não seria diferente”, pensava ela enquanto caminhava em direção ao portão.

-Lívia. –chamou.

Lívia se limitou a virar-se em sua direção. A mãe foi até ela e disse:

-Eu não havia terminado...

-Mãe tudo bem, eu já entendi...

-Me escuta. –falou ela autoritária. – Eu acho sim que você é jovem, e que ainda há muito a viver, eu nunca gostei daquela menina é sim eu nunca achei que você era... Mas um filho não significa que a vida acaba só que a vida social diminui, é acho que ele lhe fará bem.

-A senhora tá dizendo pra eu ficar com ele? –perguntou ela confusa.

-Filha você está precisando dessa responsabilidade, de alguma responsabilidade na sua vida, Lívia olha como você tá vivendo, você nunca foi disso... Sim eu acho que assim como aquela criança precisa de você, você precisa dela mais ainda. Mas essa é uma decisão que você tem que tomar sozinha.

Lívia saiu da casa da mãe ainda confusa com tudo que ela disse, mas com o coração mais aliviado. Não foi para casa seguiu até o cemitério, ficou um tempo por lá e depois foi ver Isaias.

Cap. 9

Tudo que Lívia sabia sobre o pai de Isaias era que ele foi um cretino, naquela manhã quando o advogado lhe entregou a carta de Marina sabia que ali havia mais informações, mas não conseguia ler, resolveu e ligou para Rafaela e pedia que ela lesse a carta.

-Tem certeza? –perguntou Rafaela.

-Sim lê pra mim, por favor.

“Lívia sei que ainda tem duvidas, se o que está fazendo e o certo. Sei que provavelmente já tomou a sua decisão e que como sempre eu não vou conseguir muda lá, seja ela qual for. Provavelmente esta com raiva de mim, afinal eu não lhe contei sobre a minha doença, e tínhamos um trato, me desculpe.

Amor, eu sei que é capaz eu confio em você e peço que também confie, sei que será uma ótima mãe para o Isaias. Mas essa carta não é pra te pedir o que já pedi, nem pra dizer que te amo, ou pra te pedir novamente desculpas, e pra confessar.

Lívia eu já devia ter lhe contado isso, na verdade devia ter contado logo no inicio, mas não tive coragem à vergonha era muita, desculpe novamente, mas não consigo lhe encarar pra te revelar isso. E sobre o pai do meu filho, você já sabe um pouco da historia, mas não toda.

Naquela noite em que eu sai com o intuito de encher a cara não sabia qual seria o resultado e bem não pensava nisso, comecei a beber e você sabe sou fraca, não demorou pra eu ficar bem bêbada e começar a fazer besteira por ai, larguei o pessoal que estava comigo e fui a outro bar La encontrei...”

- Desculpa Lívia, mas eu não consigo ler isso, e acho que eu não devia ler então... Desculpe-me.

Lívia pegou a carta e começou a lê-la logo seu os olhos encheram de lagrimas. Duas semanas havia se passado e por mais que tentasse as palavras de Marina não sai de sua cabeça começou a ler novamente e seus pensamentos voaram para o dia em que Marina foi a sua casa e lhe contou sobre o resultado de sua bebedeira.

“Ela entrou, Lívia estava no sofá, a fitou por alguns segundos e depois voltou seu olhar para a TV, e falou:

-Que cara e essa? Ressaca da noite de ontem.

-Lívia... – os olhos de Marina estavam vermelhos, e sua cara era de quem não havia dormido ainda, mantinha os olhos sempre para baixo para o chão. – Me abraça, por favor, me abraça. –Ela se jogou em seus braços aos soluços, parecia uma criança em seu colo, Lívia a abraçou sem entender, preocupada com a melhor amiga.

-O que aconteceu? Fala pra mim, o que foi Marina? –Ela não respondia e se encolhia cada vez mais em seus braços.

Lívia começou a ficar mais preocupada e afagando a amiga viu marcas em seu pescoço e costas, a levantou e olhou em seus braços também havia marcas, arranhões, e vermelhidão como se alguém tivesse apertado com força com muita força, Lívia olhando aquilo ficou mais preocupada e olhando Marina nos olhos e com uma expressão seria perguntou.

- Por favor, me fala a que aconteceu com você? Quem lhe fez isso?

-Eu... Eu bebi de mais é... –marina não conseguia dizer nada.

-Você não tava com amigos?

-Eu fui a outro lugar.

-Você foi... Foi um cara? –perguntou Lívia se controlando ao máximo. Marina apenas afirmou com a cabeça. –Ele machucou... Ele a violentou? –os seus olhos já estavam vermelhos.

Marina afirmou novamente com a cabeça e voltou a se encaixar nos braços de Lívia e chorou, chorou muito.

-Desculpa. –pediu ela. –Me desculpa. –repetia. Lívia a levantou e disse.

-A culpa não e sua, não e, entendeu. Vamos. –ordenou ela levantando Marina.

-A onde?

-A uma delegacia e claro.

-Não Lívia. –pediu ela exasperada.

-Você tem que ir Marina, tem que dar queixa dele... Você sabe quem...

-Não, eu não sei. Eu não quero ir pra delegacia.

-Marina... Você tem que ir ao medico você era virgem, ele pode ter doença. Marina não há o que temer.

-No medico... No medico eu vou.

Lívia ligou para Biba e lhe contou rápido o que havia acontecido. Biba ia atendê-la, mas não podia garantir que ela não teria que falar com a policia. Foram feitos exames, e mais exames até que foi constatada a gravidez, Biba sugeriu o aborto, que comum em casos assim, mas Marina tinha duvidas e sempre fora contra o aborto. Lívia não disse nada, apenas que a apoiaria sempre.

Lívia amava aquela criança, e saber de quem ele era filho há deixou um pouco confusa, sem saber o que fazer. De todas as coisas que Marina lhe escondeu essa era a pior, e saber que ela de certo modo foi à responsável pelo o acontecido a deixou pior ainda.

Cap. 10

“... Fui a outro bar e lá encontrei o Alex, fiquei um pouco receosa, mas ele puxou conversa me pagou uma bebida, e ficamos conversando por um tempo, ele me falou sobre o trabalho e sobre você, quando percebi que aquela conversa tava ficando perigosa falei que ia embora, mas mal conseguia levantar da cadeira, então ele me ofereceu uma carona, até perguntou se eu estava com medo dele. Eu aceitei, mas não fomos pra casa, ele me levou a um lugar estranho. E foi isso Lívia, ele e o pai do Isaias, me perdoe por não ter lhe contado, mas eu sentia que havia traído você, sentia que não merecia esse sentimento que você sentia por mim, que não merecia nem sua amizade, seu bom dia, eu havia traído sua confiança, e não conseguia dizer, me perdoe.

Você é, foi e sempre será meu grande amor.

Te amo espero que um dia me perdoe para que possamos nos encontra do outro lado.

Adeus meu amor.” Marina P.

Lívia após terminar de ler a carta tomou uma decisão, ligou para Rafaela e pediu que ela fosse até sua casa. Enquanto esperava passou no quarto e deu uma olhada em Isaias que dormia calmamente, no pequeno berço. Ela passou a mão em seu cabelo e lhe deu um leve beijo na face.

-O que foi Lívia? Você me parecia estranha no telefone. –falou a amiga.

-Eu tomei algumas decisões.

-E quais são?

-Me promete, que você nunca ira contar ao Isaias quem é o pai dele. –pediu ela.

-Lívia... Nem precisa pedir, você sabe que eu nunca vou contar.

-Obrigada. –ela respirou fundo. –Eu vou embora de São Paulo.

-Embora? Vai pra onde?

-Na minha ultima viagem eu recebi uma proposta, pra trabalhar na filial de Florianópolis, eu não ia aceitar pela Marina, ela não queria sair daqui, mas agora... Eu resolvi.

-Isso não pelo Alex e?

-Sim, boa parte sim, eu não quero nenhuma proximidade, mas também o salário de lá e bem melhor.

-Subiu de cargo?

-De cargo bem dizer não, mas sim de departamento, vou cuidar meio que do marketing, da loja.

-Legal! Quando você vai?

-Nossa! Eu não achei que você aceitaria logo de cara.

-Eu reconheço uma causa perdida quando vejo uma.

-Falou agora a advogada, você ta convivendo bastante com o Juninho.

-E ele e legal.

-Só legal?

-Só legal! Amigos apenas. Mas quando vai?

-Daqui uma semana.

-Já! Tão rápido.

-Sim sem tempo pra tentarem me convencer do contrario. –disse rindo.

-Claro, então e um adeus? –perguntou meio triste.

-Claro que não, mas creio que demoraremos a nos ver. Vamos fique feliz por mim.

-Sempre minha amiga, sempre. -disse a abraçando.

Cap. 11

Lívia seguia de carro para o interior de São Paulo, ainda tinha duvidas se o que fazia era o certo, mas só de pensar que o pequeno Isaias estaria tão perto dele, não tinha escolha, não queria correr risco algum e pensando assim seguia em frente, no banco de trás, sentado na cadeirinha a criança dormia tranqüila, nem imaginava do que Lívia fugia, nem que estava indo em direção a uma nova vida.

O tempo passou rápido, Lívia fazia poucas visitas a sua família, e seus amigos, Rafaela ligava toda semana, pra saber como estavam indo. Isaias crescera tanto desde que partiram, estava mais esperto, e não perguntava mais pela mãe, agora sua mãe era Lívia, mas ela ainda não se referia a criança como seu filho, mesmo já tendo com ele há um ano, era sempre o Isaias, às vezes até o filho de Marina, não por não aceita-lo ou qualquer outra coisas, mas por não querer que ele se esquecesse de quem lhe deu a luz e o amou mais Lívia também o amava como filho, ele por sua vez a chamava de mamãe Li.

Num belo dia de sábado Lívia estava em casa com Isaias, quando uma surpresa inesperável bate sua porta.

-Não me convida pra entrar?

-Claro, e que fiquei maia surpresa com sua visita, como você tá?

-To... Noiva.

-Você o que? Serio Rafaela?

-Seriíssimo, eu queria que você fosse à primeira, a saber, então eu vim, tava te devendo uma visita.

-tava mesmo. Não acredito. E pra quem dizia somos só amigos...

-E a amizade se transformou

-E cadê o noivo?

-Ta trabalhando, mas a noite ele vem pra gente sair.

-Ele ta aqui na cidade?

-Sim, você acha que eu ia viajar sem ele.

-E ele não deixaria você viajar sozinha, mas me conta tudo.

-Vamos Lívia. –pedia ela mais uma vez.

-A não, eu to cansada, e também não tem ninguém pra ficar com o Isaias.

-Não acredito que você não vai me apresentar a cidade.

-Eu não conheço as baladas daqui.

-Ótima oportunidade pra conhecer, e com relação ao Isaias, creio que aquela senhora super simpática que mora a frente da sua casa vai adorar ficar com ele hoje. Vai vamos?

-Ta vamos...

Cap12

O amor e sua escada, subimos degraus após degraus e parece que nunca cheguemos ao topo, ou chegamos e não percebemos, pois cada segundo e intenso, cada instante e intenso, sofremos, rimos, choramos, abraçamos, cantamos, tudo em total desespero pois não sabemos quanto tempo durará, o medo sempre acompanha, sempre estamos presos nesse desespero prazeroso que amar, amar incondicionalmente, amar... ora toda dor tem uma ponta de prazer, e todo prazer tem um gosto de quero mais.

Sejamos honesto o que é o amor além de uma palavra curta, um sentimento extenso, nada e tudo, temos que dá-lo para se tornar real e sofrer para acreditarmos que ele existe.

A dor e um processo amargo da vida, mas quem sem ela nada teríamos de valor.

Mas a escada do amor e íngreme e por vezes caímos quase ao chão, por vezes escorregamos e logo temos que subir novamente. O amor. Uma palavra indefinida um pensamento indiferente uma dor prazerosa e uma alegria indescritível. O amor.

Cap. 13

Lívia tinha os olhos marejados, sentada na varanda imaginava como teria sido sua vida com Marina, há dias pensava nisso. A noite quando se deitava, com os olhos já vermelhos se perguntava do porque de se torturar assim, se machucar mais e mais.

Já havia se passado 3 anos desde que seu grande amor partiu, mas a dor em seu peito fazia parecer que tudo acontecerá ontem. Sua única felicidade era um garotinho que a cada dia se parecia mais com ela.

Isaias crescia feliz na pequena cidade, Lívia sempre lhe falava sobre Marina, de como ela o amava e que ela sempre lhe olharia lá do céu. Apesar do tempo, Lívia não o chamava de filho, mesmo ele a chamando de mãe, ela nunca se referia a ele como meu filho, é sim pelo nome ou o filho da Marina, achava não digna desse privilégio.

..Já fazia alguns minutos que ele estava ali parado, apenas a observando, criando coragem para se aproximar não entendia do porque esse receio nunca fora um homem de ficar parado ao se interessar por uma garota, mas sentia que ela era diferente, algo inexplicável.

-Vá até lá. –disse o garçom o encorajando. –Ou apenas lhe ofereça uma bebida.

Ele se sentiu um idiota ao ouvir o incentivo do barman, mas era inevitável admirá-la, vê-la mexer levemente os cabelos ondulados, o sorriso singelo e espontâneo, os olhos castanhos, tudo nela era lindo, suas mãos firmes ao segurar o copo. Ele estava preso preso a ela, pediu mais uma dose ao barman e pesou suas chances para com a garota, percebeu que melhor a fazer era lhe oferecer uma bebida, uma paquera a distancia era mais segura.

Pediu ao barman que lhe manda-se um Martini, sabia que era essa a bebida, viu mais cedo o garçom colocando em sua mesa. O Martini fora seu erro, sem perceber, sem entender, ele havia acabado com suas chances antes de tê-la.

O garçom entregou a bebida a mulher e lhe disse que o rapaz lhe havia oferecido, ela não olhou para ele, apenas olhava o copo, sem expressão alguma, passo-se assim alguns segundos antes dela pedir que leva-se a bebida, que a devolve-se, ele a olhava abismado, o que teria feito de errado, ou seria ela tão mal educada, estava por fim com raiva da garota que antes lhe fascinará, mas ao vê-la se levantar e olhá-lo com os olhos tristes a raiva sumirá e novamente o pensamento de que a queria, queria tirá-la daquele mar de tristezas, queria protegê-la.Aquele olhos triste jamais sairia de sua mente, jamais deixaria sua retina, seu inconsciente, por mais, que os anos passa-se, jamais se esqueceria dos olhos marejados.

(continua...)

Aline Uga
Enviado por Aline Uga em 14/04/2011
Reeditado em 22/04/2011
Código do texto: T2907933