SOU COMPLICADA SIM... E DAÍ ???
Você chamou-me de complicada
Pelo o simples fato de
Não estar disponível
As suas investidas
O problema é que...
Tenho outras prioridades
Parece engraçado... mas não o é
Tenho um pai adoentado
Com a saúde fragilizada
Que depende de mim
Limitei-me a responder:
Homem não falta
Meu pai...
No ápice da idade
É-me único
De que adianta tentar explicar
Aquilo que não se tem
Capacidade para entender
A fama condiz...
Com um fundo de verdade
Há certas coisas na vida
Que nos é inevitável
Pela a profissão, creio ser
Esta a minha missão (cuidar) sem lamentação
Quem quiser me conquistar, tem que me acompanhar,
Saber amar, respeitar a minha dedicação.
Se não pode entender
Não é digno do meu amor,
Um ser que não tem...
O coração solidário
A mim jamais conquistou
Sou “complicada”???
Sim... E daí???
Não me incomoda o que fala
Na verdade...
O maior motivo... Era não estar
Muito interessada
O que Lhe parece “complicado”
Eu chamo de companheirismo
Lamento te informar, mas...
Detesto gente egoísta
Não peço que me entenda
E tão pouco me compreenda
Eu sou o que sou
Um ser humano
Com qualidades e defeitos
E não uma marionete
Nas mãos do meu criador
(Esse episódio fez-me lembrar de uma crônica que li há algum tempo
“Simplificando a complicação”. No qual tentarei resumir alguns trechos)
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SIMPLIFICANDO A COMPLICAÇÃO (Artur da Távora)
As pessoas preferem a relação superficial,feita do pleno conhecimento externo (e pela metade)das reações e das atitudes do outro. Isso não é relação é controle.
Quando alguém é conhecido como “Não complicado” fechou-se criatividade interior; à procura de suas dimensão mais funda remotas regiões de seus elos biológicos,Cósmicos, químicos, religiosos, atávicos, religiosos, raciais, antropológicos,e biográficos.
O verdadeiro simples é “complicado” que descobriu a síntese. Falando mais claro:A pessoa verdadeiramente simples é alguém que descobriu
As sínteses da própria complexidade. Quando estava no
Caminho da simplicidade, e sofria, era chamada de “complicada.”
As pessoas preferem as relações superficiais, porque com elas
Não precisam se aventurar no mistério que é o outro, que somos
Todos. É muito mais fácil transar com o conhecido do que com o
Desconhecido, daí a ânsia de conhecer (saber, definir, sugar, aprisionar) o parceiro ou a parceira, como se isso fosse possível.
E para evitar que a pessoa dispare por essa região maravilhosa,
Contraditória, criativa, a do próprio mistério, a outra vem e a congela.
Aí por medo de “ser complicado”, você se mete a auto-simplificar-se,
Processo que ceifa os milagres de ternura humana.
Complicação, uma ova! Ali estar (estava?) a luz de uma estrela chamada sensibilidade, capacidade de ver os vários caminhos. Ali estala(instala? Entala?) tal respeito pela emoção e pelo sentimento do próximo que às vezes tudo esconde-se na meia frase, no sorriso em vez de resposta, em achar graça aparentemente sem razão, na certeza da impossibilidade de certas explicações,na percepção que não se define em conceitos nem em palavras e vive da criatividade salvadora da mente que sintetiza. Não é “Complicado”: é complexidade,Riqueza.
Ser “complicado” é saber exatamente em que ponto e medida o outro não vai poder (jamais) perceber o que esta em nós, e não se ofender com ele por isso, antes entende-lo. Ser “complicado” é guardar os tesouros de cada plano pelo qual nos relacionamos com os demais e com a vida, sabendo respeitar a intensidade de cada um. Se“complicado é ter força para agüentar o maximo da incompreensão sem gesto de reclamação ou azedume. É não cortar violentamente quem o fere.É não tentar explicar, é saber demais e dizer de menos, é proteger as pessoas da lucidez esmagadora de uma percepção acima da media e do normal, tanta,que se complica para poupá-las das verdades que não suportarão.
Ser “complicado” é saber-se eternamente alvo da inveja dos que simplificam para melhor oprimir e reinar. A simplificação engana porque facilita.Ser “complicado” é ser capaz de polarizar o ódio e o amor dos que o cercam, é amar tanto a tantos, que parece errado a cada um que seja amado em particular. Ser “complicado” é ter tantas linhas de ação quanto as que constituem os pilares da própria vida afetiva, emocional, psicológica e sexual.
Ser “complicado” é aceitar o peso de ser diferente porque capaz de criar e, por isso, ameaçar; de pensar e, pensando, desarrumar; de questionare, assim, forçar respostas. Plicar quer dizer dobrar, fazer dobras, enrolar algo, enfeitar.Daí veio: com-plicar; ex-plicar; im-plicar; re-plicar e a-plicar.Complicado é, portanto, ser cheio de dobras iluminadas, nas quais revelam (aparentando estar escondidos) os tesouros de amor e compreensão que os simplificadores se carregam de destruir pela a violência, escárnio ou zombaria, porque é de fato mais fácil (e cômodo) defender-se, vendo sempre o menor numero possível de versões e opções para a realidade.
Levante a cabeça e leve com orgulho a sua “complicação”, não a desdobre(explicar); não a recalque (implicar); não a exagere (re-plicar). Seja com ela(com-plique) para ser uma expressão das várias dobras existenciais que fazem a riqueza e a beleza da complexidade (plexo, em latim, é entrelaçado)Do viver.
Seja complicado: É ter menos certeza sobre muito mais coisas.