Brasil de ontem e de hoje. Continua uma vergonha!

Depois das eleições de 2010, recolhi-me a merecido ócio literário. Reduzi o ímpeto de minha frágil pena, implacável enquanto me dispus a comentar sobre os malfeitos petistas e de seus aloprados seguidores.

Antes e durante o período eleitoral, debrucei-me sobre os acontecimentos políticos, econômicos e administrativos que assolam o Brasil, afligido, ainda hoje, pelos mesmos problemas.

Meu desiderato foi oferecer ao eleitor esclarecido a oportunidade de refletir sobre alguns aspectos da administração pública, nos últimos oito anos do governo de Luiz Inácio. Infelizmente, não logrei êxito em minha intenção de mostrar ao povo a fragilidade de nosso desenvolvimento econômico. Também não consegui alertá-lo sobre os erros cometidos por Lula e seus sequazes seguidores. Igualmente, foi-me impossível clarear suas ideias, erroneamente impregnadas do falso argumento de que o Brasil atual é obra do último governo.

Minhas insistentes observações foram insuficientes para demonstrar que o país, atualmente, não se encontra tão bem como dizem os que tentam encobrir a verdade. Em sua corrida para o futuro existem obstáculos difíceis de transpor. E olhe que são muitos, caro leitor! Os falsos argumentos do governo foram ouvidos. Os meus não. Eles venceram.

Eu perdi. O Brasil perdeu.

No passado, o cálamo dos sábios foi valioso instrumento de perpetuação da memória histórica da humanidade; ainda hoje a pena do justo verbera sem medo ao acusar os infratores da moralidade. A pena do sábio é, sim, preciosa. E continuará assim, na tentativa de alterar a opinião de renitentes eleitores, despolitizados e desmemoriados. Não sou sábio. Longe disso. Reputo-me como intransigente observador, que não faz exceção aos erros de quem quer que seja. Muito menos se são cometidos por políticos aproveitadores da ingenuidade do eleitor sem escolaridade suficiente para distinguir o saudável do podre.

O país administrado por Lula, em seus oito anos de administração coroada de bravatas, é o gigante que despertou do sono acalentado em seu berço esplêndido. A partir do governo de Itamar Franco, seguido pelos períodos presididos por Fernando Henrique, acordou de sua sonolência crônica, bateu a poeira, e partiu para encontrar-se com o desenvolvimento, proporcionado pelas privatizações, principalmente do setor de telefonia. Rumava para outras jornadas e sucessivas vitórias, quando foi entregue a mensaleiros, aloprados e apaniguados políticos, que hoje o sugam vorazmente.

Decorridos cem dias do governo Dilma Rousseff, senti uma coceira danada na garganta, desejando gritar, alto e bom som, sobre o que tanto molesta este país. Opto pela escrita, com a mesma impetuosidade do passado. Não poderei calar-me diante de “tudo isso que está aí”: corrupção ascendente; inflação em alta; gastos governamentais excessivos; trânsito caótico nas grandes cidades; saúde precária nos hospitais públicos; educação sem méritos; insegurança do cidadão; infraestrutura próxima de iminente colapso operacional, destacando-se os aeroportos, portos, rodovias... Tudo. Ou quase tudo!

A dívida pública está nas alturas. O país deve mais de dois trilhões de reais, embora o governo passado tenha alardeado o pagamento da dívida externa. Não disse, porém, que o fez em detrimento da dívida interna. Extinguiu ou reduziu uma e aumentou vertiginosamente a outra. É como se alguém retirasse dinheiro de um banco para pagar a outro; a dívida continuaria a mesma. No caso do Brasil, em maior escala.

E o governo Lula deixou de "herança maldita" para sua sucessora, noventa bilhões de reais em Restos a Pagar do último exercício, afora outra montanha de dívidas de períodos anteriores a 2010.

A Copa do Mundo vem aí. Com ela, graves problemas e a vergonha que passaremos diante do turista estrangeiro. As calçadas das cidades estão esburacadas; as ruas sujas; os transportes coletivos de passageiros caindo aos pedaços; os táxis insuficientes para atender a demanda; o sistema metroviário de pouca expressão; hotéis incapazes de suportar o grande número de hóspedes; enfim, o caos que Lula deixou de herança, como opróbrio nacional.

O turista que desejar conhecer algum museu brasileiro terá poucas escolhas. Em Brasília, visitará o Memorial JK e a Casa do Violeiro; em Recife, os Museus do Frevo, de Luiz Gonzaga e de Mestre Vitalino, onde verá os bonecos que rivalizam com os milhares de personagens elaborados em terracota, conhecidos por Dilma em sua recente viagem à China; em Fortaleza, se deleitará com o Museu da Cachaça, em Maranguape.

E as Olimpíadas de 2016? Bem, disso, falarei em outra oportunidade.