Paixão de Cristo

Estive presente em várias edições da Paixão de Cristo em Piracicaba, e, em cada uma delas sempre encontro novidades; lembro de ter entrado para a arena do espetáculo, certa vez, como alguém que de fato estivesse nas ruas de Jerusalém. Os atores se movimentavam e viviam a rotina dos cidadãos daquela cidade em cena e a platéia interagia passando por eles. Um dos atores descascava uma bergamota e, o perfume invadiu os meus sentidos. Sensacional!

Nesta “22ª edição da Paixão de Cristo” as novidades apareceram já na fila da entrada para o espetáculo. Uma forma inusitada de contar a história em lances cronológicos diferenciando um período do outro. Foram montadas cenas da vida do Cristo: Anunciação; Nascimento, Visita dos Reis Magos; Fuga de José, Maria e Jesus para o Egito; por detrás dos grandes vitrôs de um dos prédios do Engenho Central. Ao passar por eles visualizei como: “vitrines atemporais”.

Durante as duas horas do espetáculo, os olhos de toda platéia percebe o transcorrer da história de Cristo em cenas simultâneas em seus vários palcos montados ao longo dos oito mil metros quadrados da área do Engenho. Os efeitos de luz engrandecem ainda mais os trabalhos dos atores chegando a um realismo comovente ao contarem os últimos dias de vida de Jesus o “Cristo” na Terra. Excelente!

O diretor João Scarpa consegue reunir muito bem o conjunto de cenário, figurino, atores e tudo o mais, que envolve este amor ágape do filho de Deus no Novo Testamento. Forma notável encontrou o diretor de mostrar o mal personificado em uma figura humana em cena no deserto tentando Cristo; no ato da possessão do menino; e ainda, junto a Judas; evidenciando todo o envolvimento maligno nas decisões e no comportamento humano.

O elenco é formado por atores amadores e voluntário; recordo de ter lido a Rosangela Pereira, presidente da Associação Cultural e Teatral Guarantã realizadora do espetáculo, afirmar: “Talvez essa seja nossa principal característica: a doação de cada integrante ajudou a construir cada uma das edições da Paixão de Cristo de Piracicaba. A gente faz por amor”,

Parabéns; Cyro Del Nero pelo cenário, ao Carlos ABC pelo figurino, ao Silvio Kazza pela bela interpretação de Cristo, a todo o elenco, aos iluminadores... A excelente qualidade do som mostrou o charme especial do nosso sotaque interiorano de tantos encantos, tão bem traduzido nas falas dos atores. Aplauso!

A Ressurreição, com o Cristo se elevando aos céus bem junto a platéia teve muito destaque pela emoção da novidade. Mas, como o religioso não fica bem sem o profano, após os merecidos aplausos para todos os envolvidos na última noite desta “22º edição da Paixão de Cristo”, outra paixão se fez ouvir pelas caixas de som de todo o ambiente: o Hino do Glorioso XV de Piracicaba, e, uníssonos cantamos juntos com alegria o hino aclamando o retorno do nosso “NHOQUIM” para a divisão principal do Campeonato Paulista de Futebol!