Uma mulher dá à luz às portas do hospital
Era 7 de setembro e os populares que ali estavam envolveram a criança na bandeira do Brasil.
Tinha 18 anos, era criança. A mãe, não o rebento.
Deu à luz ali, em frente ao hospital, não teve tempo de ser socorrida. A não ser por aqueles que passam por ali em desfile. Era 7 de setembro.
Um menino magro, de muito peso não é, mas tem peso de homem. É uma criança franzina, mas tem a marca de homem, marca de humana oficina.
Uma mãe deu à luz a um filho às portas do hospital. Ali, ali mesmo na porta. Não teve tempo de ser socorrida. Deu À luz com a coragem de uma criança que deixa a segurança do ventre materno e vem ao mundo para enfrentar a vida.
Deu à luz um filho, a pobre menina. E quem é que pode se culpar? Não tem culpa o hospital, não têm culpa as autoridades, e nem os populares que por ali passavam. Era 7 de setembro. E envolveram a criança na bandeira do Brasil.
A pobre criança trouxe à vida um menino pálido, esquálido. Deu à luz às portas do hospital.
*Obs.: Intertextualidade a partir de fernando Sabino e Graciliano Ramos.