Autobiografias

Hesitei sempre em seguir as sugestões de publicar meus textos, um pouco por comodismo, outro tanto, por achá-las um tanto lugar comum.

Já recebi sugestões também, de escrever uma autobiografia, pelos fatos que fizeram e ainda fazem parte de minha vida, situações esquisitas e engraçadas, etc.

Sempre pensei que para escrever uma biografia ou autobiografia, o personagem que lhes desse causa deveria ser alguém que tivesse feito diferença em sua época, cidade, profissão, ou coisa que o valha. Autor de façanhas, livros, músicas, pintores, enfim personagens que tenham feito história, de alguma maneira.

No entanto, o que vemos nas livrarias, são autobiografias de ilustres desconhecidos que por motivos que ignoro, decidiram que suas histórias, vindo a público, fariam uma diferença fundamental, não sei para quem. Porque na verdade, não o fazem nem para o autor. Geralmente ele banca a publicação, só consegue colocá-los à venda se tiver algum amigo livreiro. Se quiser fazer um lançamento, tem que arcar com as despesas também e quem os compra, são alguns poucos amigos, que o fazem só para fazer média. Lêem, comentam à boca pequena, muitas vezes de maneira debochada. Mesmo sendo bem escritos, a história pode ser medíocre aos olhos do leitor.

Nossa vida tem suma importância para nós mesmos, mas não obrigatoriamente para os outros. Muitas autobiografias não passam de atos de autolatria.

Quando escrevo sobre minhas lembranças, por exemplo, sinto a vibração do momento em que os fatos aconteceram. Para mim eles são relevantes, acrescentaram, motivaram, mas não sei quantos dos leitores irão avaliar o valor que essas lembranças têm para mim e para quem as viveu comigo.

Claro que não penso que devamos escrever somente aquilo que agrade aos outros, mas quem quiser viver da literatura, terá que ter um bom critério quanto ao que pode atrair leitores e o que cansará antes do 3° capítulo. (16/11/06)