Próxima parada, estação Ipiranga...

Data 24/04, um domingo chuvoso na cidade de Santo André, aquele dia não combinava com os anteriores ensolarados. Com à força de um belo ânimo, e podemos dizer um pouco de contentamento, segui-me para cidade que nunca dorme visitar um de seus patrimônios, patrimônio este, que o Jeca aqui nunca teve a oportunidade de apreciar.

Percorrendo o mesmo caminho que João Ramalho fez quando deixou Santo André da Borda do Campo para se estabelecer naquela pequena vila levando consigo o mastro de cidade, eu também o fiz, só que agora de maneira mais rápida e fácil.

São 15:00, mostrava o medidor Chronos, cidade de São Paulo, as bandeiras de listras negras e brancas tremulam nas fachadas de prédios públicos e arranham o céu sustentadas por seus enormes megatérios de concreto e vidro. Chegamos, falta pouco...

Uma rápida pergunta ao guarda da estação que leva o nome do lugar onde verdadeiramente nasceu o Brasil, e logo uma resposta alegre e divertida, existem sim pessoas bem humoradas nesta cidade cinza e sisuda, "sobe-se à Rua Patriotas e logo se está no dito cujo". O problema é que a subida não era tão fácil e divertida como a resposta fornecida.

A fome já apertava, e lá eu estava depois de uma bela caminhada. Lindo, fantástico! Um belo prédio de 1895, compreendendo todo um bairro aparecera em minha frente. Adentrando seu enorme jardim, não deixando dever nada de sua beleza ao monumento, tirei varias fotos, estas sim valem a pena serem tiradas da composição em que me encontrava. Uma pequena rampa lateral levava ao interior do museu. São 100 metros percorridos calmamente apurando minha vista para o firmamento cinza que hora era interrompido pelos edifícios.

No hall de entrada há uma escadaria bifurcando tanto para o lado esquerdo, como para o direito, levando os visitantes para o andar de cima. Bem ao centro desta existe uma estátua enorme de bronze de Dom Pedro com a mão levantada recepcionando brasileiros e estrangeiros que ali estavam.

Para minha surpresa, à medida que apreciava às belas pinturas, subia os não tão poucos degraus desta escadaria, e o que encontro no canto inferior esquerdo?

Um afresco com o brasão municipal e data de 1636, ano em que Jacques Félix recebeu a carta de provisão para explorar aquele sertão desconhecido, o qual chamamos de Taubaté.

De chofre, minha surpresa passou em uma fração de segundo para felicidade suprema. Felicidade de ter nascido nesta terra onde poucos a valoriza.

Só de ter visto aquilo já me valeu! E seguiu-se o formidável passeio museu adentro, mas sempre com a mente naquele pequeno afresco que muitas pessoas veem, mas sem o mesmo efeito.

Os ponteiros marcam 18:00 horas em um relógio giratório no topo de uma igreja, aquele dia típico paulistano chuvoso e frio não me aborreceu, pelo contrário, deu-me forças para encerrar aquele momento de contemplação aos pés do monumento à nossa liberdade. A chama que ardia naquela pequena pira defronte aos nossos heróis nacionais representados pela força e união do povo brasileiro, para mim, além de representar esta afirmação, dava-me a sensação de que nasci no lugar certo.

Hora de voltar para terra de João Ramalho. A poluição visual e sonora da grande metrópole exauriu minhas energias. Um pedaço de Taubaté fica para trás, mas meu amor por este pedaço de terra incrustado entre vales segue em frente para todo o sempre!

Chronus
Enviado por Chronus em 27/04/2011
Reeditado em 28/04/2011
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