Será circo o que desejas?

Ainda cumprindo a promessa feita no texto anterior, volto a comentar sobre determinados aspectos da administração pública, envolvendo a gerentona do PAC–Programa de Aceleração do Crescimento, instituído por Luiz Inácio, em seu longo governo.

A Dilma, segundo Lula, é excelente “tocadora de obras”. A afirmativa, eivada de interesses eleitoreiros, não se sustenta em seu pedestal de fragilidade. A presidente parece não ser tão eficiente como dizia seu mentor político. Apoiada por equipes fragilizadas pela incompetência, talvez não cumpra os propósitos de sua administração, recheada de fanfarronices. Aliás, segue o exemplo de seu antecessor.

O badalado PAC está fazendo água; a inflação voltou a assustar o brasileiro, que conquistou por intermédio do presidente Fernando Henrique Cardoso a vitória sobre o terrível e temível dragão; o desemprego está em alta; as obras dos estádios de futebol para a Copa do Mundo de 2014 registram atrasos preocupantes; e a infraestrutura de aeroportos, dos transportes de massa e dos demais suportes gerenciais, indispensáveis à manutenção e ao funcionamento da estrutura global atesta a afirmativa de que “nem tudo são flores”, como dizem os petistas.

Para fazer funcionar o sonhado trem-bala será necessária muita munição pecuniária. Inicialmente, vinte bilhões de reais para colocá-lo nos trilhos, acrescido de mais cinco bilhões que subsidiarão os construtores; essa grana toda virá de empréstimos do BNDES. Se os empreendedores não honrarem a dívida, o Tesouro Nacional será o responsável pela solvência do vultoso débito.

Para justificar o que acima mencionei, de que nem tudo são flores, como dizem os petistas, temos, ainda, problemas no sistema de telefonia, principalmente na área dos aparelhos móveis, os chamados telefones celulares; algumas companhias, sem querer particularizá-las, recebem reclamações dos usuários por falhas nas áreas de coberturas, tornando esse moderno meio de comunicação bastante deficiente. A Internet, no tocante à banda larga, o sinal cai com frequência.

O Brasil realizará grandes eventos nos próximos anos. A deficiência é visível em todas as áreas operacionais. O número de táxis, de hotéis, sistema coletivo de transporte, asseio e limpeza das ruas, praças e jardins, tudo depõe contra nossa intenção de realizar magnos acontecimentos. Os principais, para breve, são a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. O custo para executar tais necessidades é gigantesco. Senão vejamos:

Apenas para construir ou reformar onze estádios de futebol para a Copa de 2014 serão necessários quase cinco bilhões de reais, a saber: Estádios Vivaldo Lima, em Manaus, R$ 500 milhões; Cícero Pompeu de Toledo, em São Paulo, R$ 180 milhões; Governador Plácido Castelo, em Fortaleza, R$ 300 milhões; José Pinheiro Borba, em Porto Alegre, R$ 150 milhões; Mané Garrincha, em Brasília, R$ 522 milhões; Mário Filho (Maracanã), R$ 460 milhões; Governador José Fragelli, em Cuiabá, R$ 350 milhões; Arena das Dunas, em Natal, R$ 300 milhões; Otávio Mangabeira (Fonte Nova) em Salvador, R$ 231 milhões; Arena da Baixada, em Curitiba, R$ 140 milhões; Cidade da Copa, em Recife, 1 bilhão e seiscentos milhões de reais. E ainda falta considerar o custo do Estádio Governador Magalhães Pinto, em Belo Horizonte, cujo valor não foi apurado por este escriba. Os custos, como sempre acontecem no Brasil, aumentam assustadoramente, do início ao final das obras. Portanto...

E, ainda, devem ser consideradas outras despesas, muitas delas, enormes dispêndios para dotar o país de eficiente infraestrutura, como os aeroportos, os transportes coletivos, as subvenções a variadas áreas da economia... Somente para citar, “in passant”, o Veículo Leve Sobre Trilhos, o VLT, de Brasília, está orçado em um bilhão e oitocentos milhões de reais.

Ainda bem que o governo petista, deixando de lado a arrogância e o mau humor, quando criticava veementemente as privatizações efetuadas por Fernando Henrique Cardoso, resolveu privatizar alguns dos principais aeroportos brasileiros. Uma boa medida, por sinal. Aqui vale citar a expressão “Nunca diga: desta água não beberei!”.

A dívida pública brasileira assusta. Mais de dois trilhões de reais ameaçam os pilares econômicos construídos a duras penas por gestões responsáveis e medidas saneadoras.

Temo, como contribuinte, sermos novamente penalizados com aumento de impostos, pois o caixa do governo não suportará tão expressiva conta. Preocupa-me, também, o fato de o país, de Norte a Sul, carecer urgentemente de hospitais e escolas, apenas para citar duas das mais iminentes providências, relegadas a segundo plano por esse e outros governos.

É de se perguntar: A construção de hospitais, escolas, rodovias, os cuidados com a segurança pública e assistência social a sofridos cidadãos, não seriam mais oportunas?

Essa montanha de dinheiro a ser gasta para realização da Copa do Mundo, se o povo desejasse menos circo, seria, sim, mais conveniente. Leitor amigo, sua resposta seria esta, ou você também prefere circo, em detrimento de seu direito a boas escolas e bons hospitais?