JOÃO PAULO II:
A BEATIFICAÇÃO DE UM SANTO



          Como é bom saber que sou testemunha ocular de um período da história recente do nosso país e do mundo. Em 1º de julho de 1980, eu era apenas um jovem católico que - movido mais pela curiosidade, que pela fé - misturei-me a uma multidão de aproximadamente dois milhões de fiéis para ver e ouvir o então Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana: Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Quando ele surgiu diante dos nossos olhos, algo misterioso e inexplicável aconteceu: um silêncio divinal se apossou de todos. Podia-se ouvir o batimento arrítmico dos corações; podia-se ouvir o ruído das respirações aceleradas. Seria misticismo, magia...? Não! É que uma força arrebatadora, encantadora e real emanava de sua figura que, de tão humilde e carismática, se agigantava e envolvia num abraço simbólico as nossas vulnerabilidades, as nossas limitações, as nossas emoções...
          E a ternura que se desprendia daquele olhar? E a beleza pueril daquele sorriso? E a doçura da sua voz? Ficamos paralisados, seduzidos e encantados por aquela visão antecipada de um Deus que até então, nos parecia distante, irreal... E a sua voz, num português primoroso, entrava pelos nossos ouvidos e se alojava nos nossos corações, elevando as nossas almas ao infinito. Vencido o magnetismo dos primeiros instantes, totalmente envolvidos pela divina presença daquele homem, começamos a gritar, em uníssono: "Ei! Ei! Ei! O Papa é o nosso Rei!" Em troca, recebemos o mais belo dos sorrisos e um aceno, por meio de um gesto carinhoso que tentava nos mostrar que estávamos enganados! Que havia um só Rei e que, decerto, não era ele. Tentativa inútil, pois, gritávamos cada vez mais forte. E à medida que ele falava, todo o meu ser entrava em sintonia com a beleza e verdade do seu discurso. Houve um momento em que ele disse: " - Agora, eu quero falar para os jovens de Belo Horizonte!" E a sua fala envolveu e seduziu o coração de milhares de jovens que ali se encontravam, falando de amor, fraternidade, esperança, desafios... As suas palavras, João Paulo II, devolveu-nos a esperança e a dignidade perdidas.
Ao término de seu discurso - sua doce voz ecoa em meus ouvidos até hoje - ele nos disse: "- Vocês que são jovens, de Belo Horizonte! O Papa não os esquecerá... nunca mais!!!" 
          Nesse momento, entre aplausos vibrantes e intermináveis, muitos choraram e - tenho certeza - milhares de corações e vidas foram transformadas pela força das suas palavras, pela ternura do seu sorriso e pelo brilho do seu olhar.  Eu fui ao seu encontro, volto a afirmar, movido pela curiosidade. Hoje, entendo que Deus se utiliza de várias ferramentas para poder transformar e lapidar corações, pois, se a curiosidade me levou à sua presença, a conversão e a fé me trouxeram de volta à minha casa. Depois daquele encontro, a minha vida nunca mais foi a mesma; muito menos a minha visão sobre a Igreja Católica. Quero crer que milhões de pessoas em todo o mundo tiveram, também, as suas vidas transfiguradas pela "encontro" com o Papa João Paulo II.  E as peregrinações? E o perdão dado ao seu agressor? E a maneira altiva com que encarou a tão terrível doença que tentou tirar-lhe a dignidade? E a...?
          Hoje, o Vaticano formaliza a beatificação do nosso querido e imortal João Paulo II, por reconhecer a cura da freira francesa Marie Simon Pierre, religiosa pertencente à congregação das Irmãzinhas das Maternidades Católicas, que sofria a doença de Parkinson.
          Papa Bento XVI, agradeço pela iniciativa e pela oficialização da beatificação do Papa João Paulo II -  em tempo recorde - porém, quero deixar registrado que, para mim, algo muito mais grandioso aconteceu; pois, para o meu coração, o Papa João Paulo II é muito mais do que um beato: ELE É UM SANTO!!! E tal santificação ocorreu naquele iluminado, longínquo e saudoso dia 1º de julho de 1980.
 


                                             Alexandre Brito - 1º de maio de 2011
(*) Imagem: Google

Alexandre Brito
Enviado por Alexandre Brito em 01/05/2011
Reeditado em 01/05/2011
Código do texto: T2942239
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