225 - OITO ou OITOCENTOS.

225- OITO OU OITOCENTOS...

Todas as noites eles vêem chegando devagarzinho pilotando suas naves individuais, estão sérios e silenciosos como se quisessem não serem percebidos pelos humanos. Mas, preparados para a batalha final que deveria acontecer antes do romper da aurora. Como vampiros notívagos acostumados às trevas eles tinham horror à luz do sol.

Enfileiravam-se à margem da via terrestre, como se ali fosse o limite da possibilidade e ou indecisão quanto ao ataque.

Era uma espera cheia de angústia e medo toda noite e à noite toda, era a mesma coisa. A mesma expectativa de um lado os invasores dentro das suas naves, numa proporção de mil para cada ser humano. Ficavam movimentando suas antenas num sentido rotacional como que perscrutando o ambiente para definir a hora do ataque, e o tramavam numa linguagem impossível de ser decifrada pelos humanos.

A comunicação entre os invasores era para nós um silêncio capaz de enlouquecer, somente dava para perceber quando havia mudança de rota no diferente reposicionar das naves, pareciam estar lendo nossos pensamentos.

Aos humanos somente restava à preocupação noturna de combater o inimigo implacável que não encontravam na terra nenhum predador natural, pelo menos que fosse conhecido.

Vez ou outra, eles enviavam oito naves como batedoras, que se conseguissem passar pela faixa que delimitava a zona de guerra, numa extensão de mais ou menos cem metros ao longo do meio fio por dez de largura, onde se daria a batalha final, estes batedores eram como se fossem mensageiros que passariam ao comando os sinais para o início da guerra.

As naves sondas eram esmagadas de forma impiedosa pelos pés dos estranhos monstros combatentes de duas patas, ou eram massacrados pelos veículos terrestres barulhentos e poluidores, ou ainda eles eram recolhidos e lançados ao fogo como se fossem Joana D´Arc. Os pequenos invasores ficavam imaginando que se os monstros que habitavam o planeta terra tinham a capacidade de lançarem na fogueira seus semelhantes o que não seriam capazes de fazer com eles que eram denominados alienígenas.

Ficariam na vigília por mais aquela noite ou aguardariam, quem sabe, a próxima lua cheia para o ataque final, quando consumariam a invasão e conquistariam as residências dos humanos. Ambos os lados apontavam aos seus filhotes como a terra seria melhor depois da guerra santa e ensinavam a melhor maneira de derrotar o inimigo. Do nosso lado teríamos, de qualquer forma, derrotar os terríveis e malditos caramujos africanos.

CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 01/05/2011
Reeditado em 18/06/2011
Código do texto: T2943314