Private Investigations (O Homem da Minha Vida)

Private Investigations (O Homem da Minha Vida)

"Confidential information

Its in a diary

This is my investigation"

Moletom sujo... barba por fazer... hálito matinal muito duvidoso...

Vcs curtem a banda Dire Straits?

Músicas como "Brothers in Arms", "Tunnel of Love" e "Walk of Life" certamente fazem parte do imaginário dos leitores mais "velhinhos" por aqui...

Nova Zelândia... interior da Nova Zelândia...

Uma cidade chamada TE PUKE... cidade com menos de cinco mil habitantes...

se vc uma pessoa que está em crise, saiba que a crise irá acompanhá-lo, esteja onde vc estiver...

O Dire Straits tem uma música chamada "Private Investigations"...

Uma parte da letra dessa canção inicia esse post inclusive...

Trabalhei encaixotando e empacotando kiwis na Nova Zelândia, nesta cidade chamada Te Puke.

Ao chegar nesse lugar, tive de ficar hospedado num moquifo, de nome Hairy Berry...

Um lugar com um cheiro duvidoso, na beira da estrada, e em frente a um cemitério.

Meu amigo da Alemanha, Dennis Stammer, disse que aquele "hotel" onde ficamos era, tal qual a música da banda Pantera, o "Cemitery Gates". Ou seja, o Portão do Cemitério.

Verdade, pois dormíamos com os caixões nos gramados sendo avistados pela janela do nosso "quarto".

Na primeira noite onde tentávamos dormir, o ALARME DE INCÊNDIO resolveu tocar, às 4 horas da manhã.

E continuou tocando a cada vinte minutos...

Imaginem a "qualidade" do sono que foi dormido...

Detalhe: o alarme de incêndio se localizava EM FRENTE a minha cama.

Detalhe número 2: era falso alarme. Não havia incêndio porcaria nenhuma.

Fui ao banheiro às cinco horas da manhã.

Um frio da porra.

O banheiro ficava no SUBSOLO do backpacker (hotel, albergue,...) !

Um homem, muito estranho, tomava banho lá.

Um cidadão com aparentemente 42 anos de idade.

Careca, bigodão, baixinho, e muito magro.

Me olhou, não me cumprimentou. Tinha total cara de psicopata.

Confesso que fiquei com medo nessa hora.

Fui tentar tomar café da manhã.

Compramos leite, bolachas doces e umas fatias de pão preto, com alguma margarina.

Manhã chuvosa, nublada, fria, nas "portas" do cemitério, no albergue localizado na beira da estrada que vai à Te Puke, cidade produtora de kiwis verdes e kiwis amarelos, com menos de cinco mil habitantes, no interior da Nova Zelândia.

Hálito muito do duvidoso.

Bocejadas enormes.

Na procura do novo emprego, tivemos que aguardar por algumas burocracias.

Sendo assim, esperávamos na sala de TV do Hairy Berry Backpackers.

Manhã que passava, mas as horas não passavam.

Um alemão, um italiano, um suiço e um brasileiro (Jackson Sardá) no aguardo da nova profissão:

empacotadores, selecionadores de kiwis bons para exportação, e empilhadores de caixas de kiwis... intermináveis caixas...

Sala de TV: Televisor sintonizado no NZ 4, um canal estilo MTV.

Um canal musical, com clipes variados, som de qualidade.

Foi então que conheci o homem da minha vida:

Um neozelandês, com perfil nórdico, um homem com estilo Bulgária, Romênia, Lituânia ou República Tcheca.

Este cidadão não largava em hipótese alguma o seu querido lap top.

O seu computador portátil era o seu grande irmão.

Impossível imaginar a vida do meu amigo "soviético" sem o seu querido computador.

Não lembro o nome do meu amigo "búlgaro".

Vamos chamá-lo de PAVLOV, ok?

Miroslav Pavlov é o nome dele, pronto!

Esse meu amigo da "Romênia" parecia ter uns 34 anos de idade.

Barba por fazer, mullets despenteados, cabelo desorganizado, cara de sono, moletom surrado cor cinza...

Todos assistiam TV no canal NZ 4, vendo e curtindo os clipes musicais neozelandeses, e da pop music mundial.

E nosso amigo Pavlov não abandonava a sala de TV. Tampouco o seu amado laptop.

Foi então que surgiu a oportunidade do brasileiro Jackson Sardá conversar com o "soviético" Miroslav Pavlov.

Ele me parecia ser fã do bailarino Mikhail Barishnikov.

Ou da lendária ginasta Nadia Comanecci.

Ou ainda das braçadas do antológico nadador Wladimir Salnikov, recordista mundial dos 1000 metros nado livre, nas Olímpiadas de Moscou em 1980.

Viva o Álvaro José!

Pavlov, sempre que achava pertinente, escrevia algo em seu laptop quando via algo interessante na tela da TV.

Ele me disse que estava construindo uma "nova obra literária".

Algo inovador, um texto diferenciado, um enredo, um roteiro.

Meu querido amigo da "República Tcheca", ele, Pavlov, inseria trechos inspirados na Música e na Religião, segundo ele.

Pelo que entendi, uma obra sem fim, com inspirações variadas.

Eis que a emissora neozelandesa vem com um clipe do já citado Dire Straits.

Foi então que apareceu a música "Private Investigations".

Nesse momento, o mundo parou!

Tudo ficou estagnado para o meu ídolo, PAVLOV.

Ele parou total com suas explicações literárias.

Voltou no tempo, lembrando de seu ídolo IVAN DRAGO, em ROCKY IV, estrelado por DOULPH LAUNGDRY, contra Rocky Balboa, de Silvester Stallone.

Pavlov relembra com nostagia de Mikhail Gorbachev, e das incríveis performances russas nas Olímpiadas da década de 80.

Ao ouvir a sua "Private Investigations", Pavlov cantava a música direitinho, com muita emoção.

Canção de cunho narrativo, mais falada do que cantada.

Foi então que ele, Miroslav Pavlov, enquanto explicava a sua obra literária em seu querido laptop, e cantava com todo o sentimento do mundo a música "Private Investigations", sentiu uma coceira.

Sentiu uma coceira na bunda, e, sem parar de falar, pegou um considerável pedaço de papel higiênico de seu bolso, e limpou o cú.

Esfregou o papel com força em seu ânus, e, aliviado, limpou o cú com incrível sucesso.

Guardou esse mesmo papel que ele utilizou para limpar o cú no bolso, e continuou conversando comigo como se nada tivesse acontecido.

Sempre gostei muito de Dire Straits! Viva Mark Knopfler!

Te AMO Muito, "Pavlov"!