Homenagens

Eis que domingo é o Dia das Mães. Data tão bonita, que nem ficamos tristes por cair sempre no domingo. Quem não tem prazer em dar à sua mãe um belo presente? Pode-se questionar o cunho comercial do dia dos namorados, do natal, da páscoa. Mas o Dia das Mães é dia de dar presente e ninguém discute.

Dia das Mães, portanto, e eu adoraria poder escrever aqui uma bela homenagem para a minha, ou a todas. Mas de que forma, se sou assumidamente um péssimo redator de homenagens? Talvez só a poesia me seja um texto tão estranho quanto a reverência.

Desobri isso quando minha própria progenitora, repetidas vezes, pedia-me que escrevesse homenagens em determinadas situações: para pôr no jornal, para ser lida em voz alta, essas coisas. Mas nem com a maior boa vontade - que me é característica em assuntos maternos - saiu uma única palavra.

Sou bloqueado para homenagens, assim como não sei dar feliz aniversário sem recorrer aos eternos clichês. E se sou eu o aniversariante, nada de útil encontro para dizer além de agradecer. Não sei se há relação entre essa três coisas, mas parece haver.

Homenagens me deixam tímido. Assim como Manoel de Barros diz que é fraco para elogios, eu digo que sou fraco para elogiar. Vão-se embora as palavras na hora de expressar como uma pessoa é importante pra mim. Talvez porque é fácil ser superficial, e ninguém quer soar superficial em sua grande ode.

Preciso com urgência de uma oficina criativa. Nem parece que trabalhei por seis meses na Assembléia Legislativa, assistindo diariamente a deputados homenageando a quase todos os vivos e mortos imagináveis.

Não vá seguir o amigo leitor o mau exemplo deste amigo. Elogie gratuitamente, digam às suas mães o quanto elas são importantes para vocês, por mais que elas já saibam. Como minha também sabe, porque elas sempre sabem. Mesmo sem ler nada a respeito.

Andrei Andrade
Enviado por Andrei Andrade em 06/05/2011
Código do texto: T2952172