053 – O TARADO DO BAMBUZAL...

Em uma cidade do interior, famosa por possuir um imenso parque totalmente arborizado, e no interior deste parque existe uma alameda ladeada por imensos bambuzal, um fato acontecido neste local começou a chamar a atenção de todos naquela pacata cidade, uma moça ao caminhar no escurecer por entre aqueles bambuzal foi barbaramente atacada por um tarado!

Na delegacia, a Doutora Delegada passou a interrogar a moça:

- Me conta os mínimos detalhes, pois quando a gente puser a mão neste estuprador a Maria da Penha vai deixa-lo no xadrez por um longo tempo!

– Doutora! Quando passei pelo bambuzal o tarado me agarrou e sob a ameaça de uma faca me obrigou a adentrar pelo bambuzal, o medo de ser degolada me impedia de gritar, mas de repente ele foi me acalmando... Acalmando... Foi fungando no meu cangote, passando uma língua quentíssima nas minhas orelhas, fui arrepiando... Arrepiando... Com toda calma e respeito ele foi tirando minhas roupas... Em poucos minutos nós já estávamos peladinhos rolando pelas folhas secas dos bambus...

– Peraí! Neste caso quem é o estuprador?

– No começo penso que ele era o estuprador... Mas depois eu deixei ele nocauteado.

– A senhora vai registrar a queixa?

– Claro que não!

Passados alguns dias... Outra mulher apareceu na delegacia dizendo que fora estuprada! Tinha pelo corpo marcas de chupadas, dentadas, seu estado era lastimável!

- Por favor... Relate o acontecido nos mínimos detalhes!

– Ah Doutora... Lá no meio do bambuzal um tarado me agarrou, com toda ternura me levou para o meio do bambuzal, tirou minhas roupas com todo carinho, foi me amassando ardentemente, foi aí que ele me estuprou! Mas... No segundo tempo do estupro dei um contra ataque, montei em cima dele, enquanto ele não pediu água de cima dele eu não saí.

– Peraí! Parece que a senhora é que estuprou o rapaz!

– Ah! Doutora... Com essa falta de homens nesta cidade, a gente não pode perder uma oportunidade desta, veja bem a metade dos homens é homossexuais, na outra metade que sobra tem que tirar os menores e os velhinhos, do que sobra quase todos estão casados, vigiados vinte e quatro horas pelo radar das esposas ciumentas, sobra poucos... Veja o caso da Senhora, esta separada há anos e não consegue arrumar um quebra galho.

– Moça da minha vida cuido eu!

- A senhora vai registrar a queixa?

– Jamais!

A fama do tarado foi aumentado a cada dia, um zum zum de boca a boca corria que muitas mulheres pelo bambuzal faziam caminhada sem a calcinha para facilitar o ataque do tarado, a noticia galopava e o tarado sempre no ataque. A Delegada não tinha mais sossego, há tempos sem um namorado, invocou com o tarado do bambuzal, falava o dia todo no homem, dizia que iria prendê-lo, que estava bolando um plano infalível para aprisioná-lo, mas na verdade ela rolava em sua cama a noite toda sonhando sendo agarrada pelo tarado, imaginava mil maneiras de estar no seus braços, mil maneiras prende-lo em seu corpo, senti-lo, a Doutora só pensava naquilo, estava tarada pelo tarado.

Na delegacia:

– É esse o plano!

– Mas Doutora é muito arriscado a Senhora sozinha passar pelo meio do bambuzal nas altas horas da noite!

– Quanta preocupação inútil, meu plano é infalível, alguém tem que se sacrificar pela nossa sociedade, alguém tem que se expor ao perigo para a tranquilidade da população feminina, e nesta cidade sou a pessoa mais preparada para tão ingrata tarefa!

– Doutora todo cuidado é pouco, leva seu revolver, algemas, celular, assim que a Senhora dominar o facínora liga pra gente que no imediato chegaremos lá!

- Não se preocupem sou uma pessoa treinada para executar tarefas perigosas, na nossa profissão o que não fazemos para defender a nossa sociedade, ofereço a minha vida em sacrifício para este mal debelar!

Assim foi a Doutora Delegada no tardar da noite sozinha enfrentar a besta diabólica no umbral, ou melhor no bambuzal, se expondo ao perigo, o combate seria no corpo a corpo, nossa heroína no clarear do dia apareceu completamente transfigurada, não era mais a mesma, estava com marcas pelo corpo de chupadas e dentadas, andava mais leve, faceira, um requebro mais macio, suspirava fundo, parecia a mulher mais feliz do mundo.

Na entrevista.

– Eu quero dizer a todos que lutei com todas as minhas forças para prender o tarado, mas fui dominada, naquele escuro perdi as algemas e o revolver que só os encontrei quando clareou o dia e o tarado já tinha se evadido.

– Doutora e essas marcas pelo pescoço, pelos braços?

– Meus queridos vocês não sabem do poder de persuasão do Tarado, ele tem uma arma poderosíssima, uma arma que hipnotiza as pessoas, fui dominada e ele fez de mim o que quis, essas marcas provam que lutei, como lutei, que resisti, que dei tudo de mim!

– Mas, Doutora Delegada se a luta foi no escuro como a senhora pode dizer que ele possui uma arma poderosíssima??

– Pra falar a verdade ver eu não vi a arma, mas nela eu agarrei! Quando as minhas mãos agarraram naquela arma tão potente, minhas forças acabaram não consegui mais resistir, me entreguei, de uma coisa eu garanto para toda a nossa sociedade que o tarado do bambuzal não atacará mais ninguém!

Dias depois a Doutora Delegada pediu transferência para uma cidade distante e lá já apareceu com um companheiro, uma história mal explicada, ora o homem era um amor antigo que voltara, ora um amor à primeira vista, mas mentira tem pernas curtas, no jornal desta cidade sua foto ao lado do seu novo amor saiu na primeira página e um exemplar foi parar lá naquela cidade do parque do bambuzal, e de mão em mãos foi lido por todos.

Algumas daquelas mulheres que foram atacadas pelo tarado, cheias de ciúmes juravam por todos os santos que aquele homem que aparece na foto ao lado da Doutora Delegada é o tarado do bambuzal, e todos os Santos também juram que aquele homem é realmente o tarado do bambuzal, mas de uma coisa todos concordam, que o plano da Doutora Delegada era mesmo infalível, pois nunca mais o tarado do bambuzal atacou, para tristeza e suspiros de tantas...

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 09/05/2011
Reeditado em 26/11/2014
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