Geneticamente codificado

Somos seres humanos. Sim, somos tão estúpidos, frágeis e fúteis. Como nos tornamos isso que pensamos ser tão melhor do que realmente pode ser?

É genético. Sim, está em nosso DNA, encravado em nossas células, em nossas enzimas.

Somos assim: adoramos álcool, açucar, sal e carne. Tudo o que para nossos antepassados era tão difícil conseguir numa natureza inóspita.

Imagine-se como o homem primitivo conseguiria produzir um litro de aguardente, ou como um índio conseguiria obter o açucar tão doce quanto é hoje, já que a cana-de-açucar nem é originária de nosso continente. E para obter sal, quando se está tão longe do mar. Quanto tempo uma tribo africana ficava perseguindo um animal até conseguir abatê-lo para obter a necessária proteína animal? Muito.

Esse gosto pelas coisas que eram difíceis de se obter, fincou-se em nosso "programa genético". E fomos ficando idiotamente espertos.

Acabamos com rios à procura de ouro. Um metal amarelo, brilhante, usado para fazer adornos que não servem para comer, para sobreviver, nem para aquecer.

Colocamos fogo em nossos semelhantes, matamos gente que nada tem, que talvez não se preocupe com ouro, com roupas limpas ou com banho. Mendigos estão sendo queimados na cidade de São Paulo.

Não quero perder a veia poética, mas a poesia mostra que todos querem ir embora para Pasárgada, onde posso matar e não ser preso, onde posso pegar o que quiser sem pedir para ninguém. Onde sou intocável. Mas quem não consegue ir, tenta transformar seu mundo num local só seu. Nossos jovens estão andando com carros velozes, tomando bebidas importadas, refrescos energéticos e pensando como seus pais: "não, eu não quero ter que ver essa gente feia, que dorme na rua; não quero ver esse povo ignorante, com sotaque nortista!!! Queime-os". É o povo realizando as próprias vontades, exterminando o que não quer ver, queimando gente como se lixo fosse.

A cada dia o ser humano desaprende a viver. Quer criar a vida, quer clonar, quer usar células tronco. Mas desenvolve armas de extermínio em massa, armas químicas, vírus de laboratório, aviões bombardeiros, mísseis de longo alcance.

A história mostra tudo. A bíblia narra que os romanos assassinaram o filho de um carpinteiro - que andava entre mendigos, prostitutas e leprosos - por medo de um plebeu ser cultuado como um rei, e o pior de tudo, sob a calorosa torcida de seus conterrâneos.

O mundo não muda, está contaminado desde a origem.

Ah, que dor de estômago.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 10/05/2011
Reeditado em 17/06/2011
Código do texto: T2960852
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