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     Crônica da Memória
 

    Dizem por aí que nossas memórias remotas não superam o limite dos quatro anos, ou seja, não somos capazes de nos lembrar de nada que tenha acontecido antes desse período inicial de vida. Outros teimam em dizer que nossa mente grava acontecimentos intra-útero.
 
   Polêmicas à parte, cada um tem sua bagagem de vida. O que fica para a eternidade consciente do ser é particularidade de cada um. Mas o que fica é o que deve realmente importar.
 
   Por isso questiono o estilo de vida ocidental, no qual valores materiais efêmeros e consumismo exagerado são os pilares da sociedade moderna. Também a memória biológica vai sendo gradualmente direcionada aos computadores, celulares, I-Pads e similares. Não mais lemos ou desenvolvemos a escrita. Não mais fazemos amigos reais e sim virtuais. Não mais dormimos.
 
   Uma legião crescente de indivíduos solitários, desajustados e desmemoriados, mormente nos grandes centros urbanos sobrevém então aos nossos dias.
 
   Qual é sua lembrança mais longínqua? Aquela que vaga num ambiente meio distorcido, como que pouco nítida, mas real? Lembro-me... Do alto do pé-de-pinha, roubando frutas do quintal do vizinho chato, que não tem rosto nem nome, mas que esteve lá naquele momento do flagrante. Ou jogando bola com os marmanjos e saindo com o joelho lacerado... Esforço-me ainda mais, mas a mente me trai...
 
   Não somos nada sem nossas memórias. Por outro lado a carcaça externa muda e se deteriora, mas continuamos lá dentro; bem lá no fundo, ainda somos nós mesmos. Precisamos buscar nossa bagagem nos “achados-e-perdidos” de nossas conexões neurais.
 
   Olhemos para o futuro que nossa memória pode nos proporcionar...
 
Max Rocha
Enviado por Max Rocha em 11/05/2011
Reeditado em 12/05/2011
Código do texto: T2963521
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