Eu e o cinema
 
 Acho que a primeira vez que fui ao cinema foi aqui em Lavras mesmo. Eu vim com minha avó para fazer primeira comunhão e alguém me levou ao cinema. Não me lembro quem nem o filme, só que fiquei encantada com o lugar onde funcionava o cinema: O Teatro Municipal que era uma réplica do Scala de Milão embora na época eu nem soubesse que havia Milão e muito menos um teatro chamado Scala que tinha réplica em Lavras. Anos depois quando nos mudamos para cá o Teatro já tinha sido derrubado e todo ano, em época de eleição o fato é relembrado, como o maior crime já feito contra a Cultura na cidade.

Depois a minha vida cinematográfica se limitou as minhas idas a Barra Mansa, acompanhada da prima de minha mãe que mais tarde se tornou minha tia também. Todas as vezes que íamos lá, íamos ao cinema. Estudando interna em São João Del Rei, tínhamos uma vez por semana, no auditório do colégio, a exibição de um filme. Mas o meu paraíso começou mesmo foi quando nos mudamos para Lavras exatamente na época da inauguração do cine Brasil, onde  ia todas as noites, exceto as segundas feiras. Era sempre um filme diferente e muitas vezes eu ia até a matinê no domingo para levar os irmãos mais novos.  Eu ia todos os dias com minhas amigas Nilda e Aparecida porque meu pai era muito generoso e me financiava. Nessa época eu tinha boa memória e um caderno bem grosso e especial onde eu anotava tudo: nome do filme em português e inglês, nome do diretor, nome dos atores e um pequeno resumo. Lavras tinha três cinemas, um no centro, Cine Brasil, um na zona norte, Cine Ipê e um na zona Sul, Cine Rio Grande. Conheci todos embora nem fosse necessário porque os filmes eram os mesmos. O tempo foi passando e os cinemas fechando. Todos os três se transformaram em estabelecimentos comerciais. O último a cair foi o magnífico Cine Brasil e ai passamos uma fase negra, só com filmes fornecidos pelas locadoras, nunca os lançamentos.  Nos finais de semana eu pegava tantos que via um atrás do outro, verdadeira overdose.Mas a vontade de ir a um cinema de verdade era tão grande  que eu passei a ir para Belo Horizonte só para ir ao cinema e comprar livros. O cine era o Paladium que ficava quase na esquina de meu apartamento.  Hoje quase não vou a BH – temos aqui boas livrarias e dois bons cinemas embora pequenos, com lançamentos. Mas hoje...

...hoje o meu caderninho sumiu e eu posso contar nos dedos da mão quantas vezes fui ao cinema no shopping.

Não, não parei de gostar de cinema, mas os filmes que vejo, vejo aqui no meu laptop. Tenho uma preguiça enorme de sair para ir ao cinema depois que chego a minha casa, só que agora, trabalhando menos essa vontade está voltando. E eu fico feliz com isso porque cinema é uma das melhores diversões que o homem criou. E eu não ligo nem de ir sozinha se não tiver companhia... E até do guaraná com pipoca já abri mão, embora com pesar.