Caspa

Eu sou a caspa que estava na cabeça da tiazinha que andava vagarosamente pela calçada.

No momento em que espetou a ramona na cabeça, fui descolada e voei ao vento.

Aterrizei na cabeça da menininha que passava correndo rumo à escola. Estava atrasada. Chegamos quando a sineta acabava de soar.

Entramos, era aula de matemática. Aprendi sobre números e que eles são infinitos, quase iguais a mim e minhas irmãs. Não acabamos nunca.

Após a aula no corre corre da menina caí, voei para dentro de um carro e me grudei na roupa do motorista. Fomos juntos viajar, mas o vento este abençoado colocou-me nos cabelos do passageiro e lá fomos para o restaurante, ele estava faminto.

As comidas estavam rigorosamente organizadas, limpas, saudáveis.

Disfarçadamente, sem ninguém ver, ele coçou a cabeça com o garfo e lá fui para o chão, quase parei no tacho de batatas fritas, mas fui para o chão. Lá fiquei até ser varrida pelo garçom que me jogou para o alto e repousei tranquilamente em sua cabeça, meu melhor habitat.

Agora estou por aqui, não sei bem onde estou. Talvez na cabeça de alguém próximo, muito próximo de nós.

Antonio Fernando Ribeiro
Enviado por Antonio Fernando Ribeiro em 15/05/2011
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