Três!?

Três!? Elas são três amigas! Uma viúva, a segunda separada, e a terceira alforriada pelo marido para acompanhá-las nos passeios.

Resolvem ir a uma festa que acontece na cidade em que a mistura de comida típica e shows leva grande parte da população para o local. Doroty e o seu marido pela primeira vez não trabalham como voluntários na festa.

_Doroty! Convide as suas amigas e vá curtir a festa sem preocupações. Quero ficar em casa sossegado!

Noite enluarada de outono, Karina passa pegar as amigas.

_Paulo que me perdoe! Passei a vida trabalhando..., nem acredito que estou podendo passear, agora!

_ Deixa o Paulo pra lá, com certeza, ele deve estar feliz vendo você curtir a vida!

_Gente deixe o falecido em paz! O Carlos disse para irmos sem preocupação.

Compram os ingressos e entram portão adentro. O local é privilegiado pela paisagem de tirar o fôlego da pessoa com um olhar mais atento.

Visitam as barracas de comidas típicas na barraca portuguesa as três compram três bolinhos de bacalhau.

_Hum! Saboroso! Vou comprar os doces portugueses para levar para casa.

E, assim, as três vagam pelo recinto da festa; despreocupadas.

A movimentação na barraca árabe chama a atenção das três. Entram e pedem uma porção de kibe, enquanto isto, as dançarinas da dança do ventre fazem ondulações abdominais, de quadril e tronco, ondulações de braços e mãos, tremidos e batidas de quadril. Vera aplaude com entusiasmo as dançarinas.

_Veja como ela esta feliz!

_Karina, ela está vivendo a vida. Tudo é festa para a Vera neste momento que está passando.

Durante o tempo que ficam na barraca as três não percebem, mas as pessoas vão chegando e logo uma multidão anda pelo local da festa.

Vamos embora! Vera segura no braço de Doroty e seguem abrindo caminho pelo aglomerado de pessoas, vagarosamente. Karina segue em frente sem esperar as amigas. Despreocupada!

Dez passos as separam. Dez passos para se perderem umas das outras.

Doroty e Vera seguem para o estacionamento, certas que a amiga, as espera por lá.

Chegam ao local do carro e Karina não está. Esperam!

_Vera fique aqui que vou pedir para a PM ligar no palco avisando que estamos esperando Karina aqui no carro.

_Olha, minha senhora quem pode estar se comunicando lá na festa é a Guarda Civil, nós somente fazemos a ronda aqui do lado de fora. Olha o posto da Guarda vá falar com eles.

No posto da Guarda Civil, ela é informada que este serviço é feito pela portaria.

_Olha o nosso aparelho de comunicação está restrito a portaria e a direção. Não podemos nos comunicar com outros locais da festa.

Doroty se sentiu impotente neste jogo de empurra, ou melhor, se sentiu literalmente; um charuto em boca de bebum.

Onze da noite e nada de Karina aparecer, então, Doroty resolve ir ao Posto Móvel da PM para pedir um favor aos policiais;

_Por favor estamos preocupadas com a minha amiga perdida lá no interior da festa, estou me sentindo como peteca sendo jogada de um lado para o outro, e ninguém resolve o nosso problema.

_Verdade minha senhora estamos vendo a sua movimentação. Sua amiga têm celular?

_Não!

_Como?

_Ela não têm celular!

_Hum!

Os policiais conversam entre si.

_ Minha senhora a sugestão é para a senhora ficar aqui esperando.

_Quase meia noite meu senhor e ela não aparece!

_Então, aconselho a senhora a ir até lá.

_Como? E quem fica com a minha amiga Vera. E, estou com receio de voltar está muito difícil andar por lá.

Novamente os policiais conversam.

_Nós, vamos escoltá-la até lá dentro. A sua amiga fica sentada aqui no Posto Móvel com o soldado Brás!

Vera não queria ficar no Posto tinha medo que alguém a identificasse e sentiria muita vergonha.

_Não consigo subir a escada para entrar.

_Por isso não minha senhora vamos ajudá-la a entrar pela parte de trás do veículo.

E, assim aconteceu. Vera ficou sentada toda encorujada.

_Seu policial apague a luz! Assim fico aqui no escuro, por favor, apague a luz.

Feito.

Doroty voltou para a festa escoltada por dois policiais. Um deles logo a sua frente e o outro atrás. Ela sentiu como mortadela no sanduiche. Os policiais andam pela multidão abrindo caminho com a mão direita sob o coldre do revólver. A mulher vai para o lado direito. Pensa ter avistado Karina.

_Por favor minha senhora fique entre nós.

Nunca ela havia passado por uma situação destas. Olha para o policial e comenta.

_Nossa! Esta noite está surreal. O que meu marido vai pensar?

Nisto o seu celular toca. O nervoso é tão grande que ela não consegue abrir o celular. Prontamente o policial pára e a ajuda.

_Doroty, como é perdeu o sapatinho de cristal? Meia noite! Já está na hora de voltar!

_Carlos, a Karina está perdida e estou voltando para procurá-la.

_Ligue no celular dela, Mulher!

_Ela não tem!

_Ah! Essa é boa!

O celular é desligado já no interio da festa. Uma multidão se aglomera logo na entrada. Os três vão ao Posto da Guarda Civil.

O PM vai dando as mãos para todos os Guardas Civis, e vai logo explicando; o motivo de estarem acompanhando Doroty.

_Ela está com uma amiga perdida, aqui no recinto e precisa que comuniquem no sistema de som do ambiente.

O oficial da Guarda Civil muito educado encaminha os três para a sala da direção da festa.

_Nossa! Sem querer estou fazendo a aproximação da Policia Militar com a Guarda Civil. Sabe existe uma recomendação das Nações Unidas para a unificação das Polícias Civil e Militar já concretizada por muitos países após a 2ª Guerra.

_Verdade! Isto está acontcendo.

No interior da sala da direção os policiais explicam o acontecido, enquanto uma jovem toma nota do nome de Karina para falar no sistema de som.

_Minha senhora precisamos voltar para o Posto Móvel, a senhora fica por aqui.

_Obrigada! Ainda existem “Cavaleiros”, hoje em dia, tal qual, na Távola Redonda. Por favor olhem bem a minha amiga Vera. Digam que logo irei com a Karina.

Dez minutos se passam e o aviso é feito. O barulho da festa é tão alto que Doroty começa a duvidar que a amiga vai ouvir.

O telefone celular toca.

_Doroty a sua amiga ligou ela está esperando no carro.

_Como? Carlos... Ela já está no carro?

_Vá até lá.

Doroty agradece a todos. Vai ao posto da Guarda Cilvil e o oficial a acompanha até a saída da festa. Ela ainda ouve o altofalante informar.

_Senhora Karina, a sua amiga está lhe esperando na portaria. Encaminhe até a portaria!

Aos pulos de alegria ela retorna a portaria. Seus olhos encontram o Posto Móvel da Policia Militar e no seu interior Vera ainda encorujada. Abraça a amiga.

_Nossa! Vera nesta noite você teve aventuras que não teve durante a sua vida toda. Vou escrever uma crônica contando a nossa noite tão despreocupada!

E, novamente, as três estavam juntas. Despreocupadas!? Nem tanto, mas juntas!