Na velha lata amarela - EC

Era outro tempo, tão distante que nem computador havia e a televisão só funcionava a partir das 6 da tarde, isso quando o pai ligava, prá não gastar “força” desnecessariamente como ele dizia. Tão, tão distante a ponto de os sonhos terem que ser sonhados pois a televisão não entregava os modelos de sonho prontos, como hoje.

E o meu maior sonho, além claro de algumas idéias tortas com aquela moça do “recrame”, era ser jogador de futebol.

Dentro da velha lata amarela que ficava numa das gavetas da máquina de costura da mãe podiam sair muitas coisas: dedais, linhas de todas as cores, agulhas, pedaços de pano e todo tipo de armarinhos.

(usei três palavras que já não são usadas há algum tempo, pelo menos por mim : dedais, armarinhos e mãe, sendo que as duas primeiras continuam não me fazendo nenhuma falta)
 
Daquela lata amarela de vez em quando saia também o Palmeiras:  Djalma Santos... Waldemar Carabina...Zequinha... Chinesinho... Julio Botelho... Romeiro... Quietos e disfarçados em botões de roupa prá ninguém perceber que eram eles mesmos. Mas quando eu punha aquele time prá jogar contra qualquer São Paulo ou Corinthians, dava dó.  Era 14 a 5; 17 a 8; 12 a 4, uma lavada atrás da outra...
 
O tempo foi passando e eu fui perdendo essa habilidade de saber jogar futebol de botão a tal ponto que hoje acho que correria o risco do Palmeiras perder prá qualquer Guarani da vida.
 
Nossa... ainda bem que lembrei disso. Preciso urgentemente treinar um pouco prá evitar esse perigo...
 

 
Leo   


Este texto faz parte do Exercício Criativo “Na velha lata amarela”; se quizerem conhecer melhores textos : http://encantodasletras.50webs.com/lata.htm
Na velha lata amarela - EC

 
Leonilsson
Enviado por Leonilsson em 27/05/2011
Reeditado em 03/01/2017
Código do texto: T2996487
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