Seduzidos pela tragédia.
O ser humano é uma espécie de vida diferente e nada convencional, mas, levando-se em consideração o comportamento chamado normal, deparamos com uma grande parcela que é seduzida pela tragédia, no caso específico à morte.
A libido ou a morbidez de cada um é assustador, para ser honesto, patético, mas, cada pessoa tem sua maneira de ser, pensar e viver, em certos casos, alguns não pensam, age por extinto.
O que leva o ser humano a sentir prazer em assistir a desgraça ou vivenciar o sofrimento alheio?
Poder ser um sinal de psicopatia congênita?
Ignorância?
Simplesmente um orgasmo?
Sadomasoquismo?
Ou um espírito negativo e destruidor?
Ou pior?
Será que consideram o causador ou causadores verdadeiros heróis?
Na verdade, isto me deixa perplexo, eu acho difícil acreditar que o ser humano consiga se locupletar assistindo o outro agonizando antes da morte. Mas, neste caso pode ser um ou dois em meio a centenas ou milhares. Alguns são investigadores do sucesso da missão a qual alguém foi incumbido de cumprir. Outros por ignorância existem também os curiosos que acabam por alimentar um trauma que acarretará pesadelos intermitentes pelo resto da vida, É com na guerra: Existem três tipos de situações para o soldado em batalha, principalmente os iniciantes, recrutas.
- O primeiro, mata e é como dever cumprido, ou mata ou morre! Neste caso, legítima defesa, dele e da pátria.
- O segundo, Mata e não consegue mais empunhar uma arma, torna-se um covarde e depressivo em potencial, mesmo sabendo que era ele ou seu oponente, ou pela pátria.
- O terceiro e o mais comum, ele mata e sente tanto prazer que não consegue mais passar um dia sem sentir o prazer da execução, passa a fazer parte da sua personalidade, torna-se um “Seqüencial Killer”. Não deixa de ser um distúrbio psicológico, acaba transformando-se em psicopatia. Infelizmente, no meio comum, na criminalidade, passa a ser “O Cara” e sai por aí cumprindo suas missões e espalhando terror na comunidade e na sociedade como um todo.
Mas, na verdade existe um novo mal surgindo já há alguns anos, a síndrome da comoção popular. É alarmante a quantidade de pessoas que se aglutinam para ver um cadáver, ainda mais quando, trata-se de uma execução. Parece que a sociedade fica em pleno estado de euforia, de prazer, adrenalina pura.
Um dia destes, eu chegava do centro da cidade de ônibus e saltei em um ponto duas ruas antes do normal, resolvi passar no caixa eletrônico para fazer um saque, quão minha surpresa ao deparar com uma multidão parada em frente ao supermercado do meu bairro, o único, diga-se de passagem.
A polícia lutava para afastar a multidão de curiosos que queriam ver a vítima. Foi uma execução, a figura não era nenhum chefe de família, pelo contrário. Gostava de implantar o terror nos comerciantes locais e extorquir trabalhadores cobrando pedágio e por aí a fora. Mas, não é este o caso principal. Na verdade o que mais me deixou perplexo foi à quantidade de meninas de menor idade, senhoras sexagenárias e muitos outros.
Para ser sincero, parecia uma festa junina. Havia vendedores ambulantes, pessoas bebendo eufóricas no bar enfrente ao local da execução e mais, muitas condenavam o acontecido exaltando o criminoso, que por sinal era menor de idade.
“Sinto-me pasmo, procuro uma profunda reflexão:” Será que estou errado e estas pessoas é que estão dentro da razão?”Sim porque, não tenho o menor interesse nestes acontecimentos, apenas lamento pela violência que a sociedade convive, suas necessidades e razões. Questiono o poder constituído, bem como os pais destas vitimas ou carrascos.
Não passa um minuto sequer em minha mente que esta conduta seja algo que possa ser enquadrado dentro de um parâmetro de normalidade. Mas, infelizmente a sociedade tomou o rumo do menor esforço, se o estado não cumpre seus deveres, alguém toma seu lugar e o preço é o que pagamos no dia a dia.
Adolescentes fazendo apologia ao crime organizado e vivenciando e vivendo à custa dos mesmos, rapazes que passeiam de pistolas automáticas na cintura e sagram-se como heróis destas meninas que deveriam estar trabalhando e estudando, bem longe do mundo das drogas e do crime organizado. Muitas aos 16 anos são mãe de dois, três filhos. Mal sabem falar, só lêem páginas policiais, vivem nos bailes que se alimentam do crime organizado, das drogas e da depravação da moral familiar.
Mas, afinal de contas, quem sou eu para questionar a maioria esmagadora dos simpatizantes que tiram proveitos grandiosos desta situação? Nada posso fazer para mudar este quadro caótico em que vivemos! Apenas ouso usar as palavras no intuito de informar as pessoas somando-me a tantos outros que lutam, denunciam na esperança de sensibilizar o ser humano e levá-los a observar e descobrir novos valores e maneira de viver.
Tentamos criar um código de conduta, fortalecer a cultura e a educação, mas, infelizmente não contamos com a colaboração dos órgãos responsáveis, as rádios, jornais, o governo etc, etc... As gravadoras influenciam uma geração e seu comportamento.
Por exemplo: O Rock’n Roll fez por fim a guerra do Vietinã criou novos horizontes, estes, muito diferentes dos que vivemos no nosso dia a dia.
Por isso eu pergunto:
“Porque a sociedade é seduzida pela tragédia?”