Será que fazer xixi no banho ajuda realmente a economizar água?

Segue rolando pela internet a campanha (de 2009) da ONG SOS Mata Atlântica pedindo que as pessoas façam xixi no banho, mais exatamente dentro do box, debaixo do chuveiro.

Alegam que este hábito reduz o uso da descarga de água e com isso ajuda a ecologia, pois diminui o uso das águas naturais.

Parece que tem lógica, mas façamos uma análise técnico-escatológica da Campanha do Xixi (vou fazer o papel do Advogado – Mijão – do Diabo).

Para ter sucesso, o Xixizeiro-ecologista vai precisar programar o banho: nas horas anteriores, precisa segurar a bexiga para ter conteúdo suficiente para descarregar no chão do box.

Isto acontecendo, haverá realmente uma economia de alguns litros de água. Parabéns para o Xixizeiro!

O problema é que os médicos dizem que segurar o xixi com frequência pode provocar infecção urinaria.

E a economia só será razoável se o ativista tomar vários banhos por dia e fizer muito xixi.

Mas deixando o pessimismo patológico de lado, pelo menos por alguns segundos, tentemos fazer uma análise econômica, avaliando o impacto na natureza.

Para fins de cálculo da eficiência da campanha, vamos trabalhar com a média de um banho por pessoa a cada dia, e uma média de seis xixis no mesmo período.

Considerando a impossibilidade bexigal (num texto científico eu seria obrigado a escrever vesical) de segurar o conteúdo dos outros cinco xixis, a descarga deles no vaso sanitário será inevitável e sucedida por cinco descargas de água, para decepção dos ecologistas.

Até aí, a redução seria de um sexto, ou 16,66666.............66 por cento.

A opção para melhorar este número é deixar o xixi arquivado no vaso e não dar descarga; para resolver o problema do odor vai ser necessário solicitar à SOS Mata Atlântica que crie uma campanha pelo uso de um prendedor de roupa – que não seja de plástico, produto biodesastroso – no nariz.

Por outro lado, em dias de muito calor o ser humano bebe muito líquido mas urina pouco, pois a água é eliminada pelo suor.

Tomamos mais banhos, mas eliminamos pouco xixi; neste caso, infelizmente, a economia será pequena.

E nos dias muito frios as pessoas nem sempre tomam banho, bebem pouco líquido e por isso vão produzir pouco xixi: mais uma decepção para os partidários da campanha.

Portanto a média de um banho por dia, escolhida para calcular os efeitos da campanha, só vai valer nos dias de temperatura mediana, nem quente nem frio.

Na contabilidade anual, a economia cai então para menos de 10%.

Ainda fazendo o papel do Advogado do Diabo, observo que qualquer pessoa interrompe o banho quando faz xixi no box, mas mantém a torneira aberta; portanto, ao evitar a descarga do vaso sanitário, o Xixizeiro-ecológico aumenta a perda de água do chuveiro.

Outro detalhe: a sensação de excrescência do xixi talvez estimule o aumento da água despejada, para aliviar o cheiro.

E a economia de água se aproxima perigosamente do valor zero.

Xiii. Xiii.