FILOSOFIA PSICODÉLICA DA LETRA

Hoje estava um dia ordinário. Tudo normal. Parei para pensar como sempre, claro.

Pensar. Pesar.

Tudo muda por causa de uma letra. A letra “n” de “não”, de “nada”. “n” é negação. Aqui apresentado no singular e entre aspas por ser um símbolo que representa uma ideia e não somente uma letra. Se pesar não tem “n”, ele é positivo?

“n” é um “u” de cabeça para baixo. Se “n” é negação, o “u” é o oposto? “u” de “universo” que se opõe a “nada”. “u” de “unidade”, um absoluto tão certo que se contrapõe ao “não”. Se pensar e pesar se opõem, porque sempre pesa meu pensar? Talvez porque falta a letra “u” de “união”, de “uníssono”. “Peusar”. Não existe esta palavra na língua portuguesa segundo Aurélio e Houaiss. Imagino que seria algo como pensar positivo.

Afff... Onde vou com meus pensamentos?

Parei...

Parei. Pari.

Tudo uma questão de letra. A letra “e” de “estancar”, de “estático”. “pari” é a conjugação do verbo na primeira pessoa em ação na geração de uma segunda pessoa. É a ação, movimento. “parei”, que também está na primeiríssima pessoa, se opõe a “pari”. Estática versus movimento. Estagnação versus força criadora.

O “e” é pequeno perto do “l”, ambos, quando cursivos, parecem pai e filho. O curioso é que para um bom pensar carece-se de parar muitas vezes. Estas duas palavras se apoiam? Talvez a palavra que a pouco cogitamos uma invenção, “peusar”, deveria ser escrito com “l”. “pelsar”, algo como pensar positivo em movimento. Seria um viver otimista.

René Descartes disse uma vez para sempre: “Penso, logo existo”.

Afff... Eu novamente devaneando.

E por falar em devaneio, uma amiga minha, a escritora Mariana Collares que escreveu “Devaneios Literários”, disse para mim em uma oportunidade: “Penso, logo insisto”. Por mim fico com o: Penso, logo desisto. Ah! Mas é rapidinho que eu desisto. Vou desistir agora e tomar um café que é positivo e estimulante.

Engraçado. Mesmo estimulante “café” se escreve com “e” e não com “l”. Pelo menos não tem “n”.