Para que Canhões.

Para que Canhões.

Os canhões da glória da Independência despejarão tiros no dia de amanhã.

Alguma espécie de desabafo, a comemorar à festim, esse espetáculo triunfal do Dia da Independência, belo, não apocalíptico.

A tropa desfilará com o semblante fechado. Os soldados estarão com seus olhares num horizonte infinito expondo toda marcial idade da juventude dessa amada pátria.

Os pipoqueiros também estarão por perto. Dizem que a venda de pipocas atinge os maiores índices econômicos de lucratividade, excetuando-se, é claro, o que é ilícito e ou imoral.

No palanque as autoridades se cumprimentarão; e, até acredito, com alguma ponta de orgulho por se sentirem responsáveis por toda festa. Atores da vida real no cenário nacional.

A macacada, crianças contidas pelo cordão de isolamento, a cada momento identificará amigos e parentes em desfile. Cenas de fortes emoções no magno dia da Independência ou Morte.

Alguns aviões no horizonte despertarão a curiosidade. Afinal de contas, o céu de uma nação também é dessa nação.

Após o desfile da última fanfarra escolar, os bares das esquinas estarão aglomerados, lotados de gentes e de cervejas espalhadas, na descontração sutil ao final desse desfile tão febril.

Um pai conduzirá um filho pela mão que carregará um cata-vento verde e amarelo.

Uma senhora, arrastando os pés, a toda hora, correrá o risco de tropeçar ou em buracos ou em desalinhados meios fios.

Um garoto sentado no muro, festejando inocentemente o Sete de Setembro, possivelmente perguntará:

- Pai, independência de que!

Piloto
Enviado por Piloto em 01/06/2011
Reeditado em 01/06/2011
Código do texto: T3008067