Para que Canhões.
Para que Canhões.
Os canhões da glória da Independência despejarão tiros no dia de amanhã.
Alguma espécie de desabafo, a comemorar à festim, esse espetáculo triunfal do Dia da Independência, belo, não apocalíptico.
A tropa desfilará com o semblante fechado. Os soldados estarão com seus olhares num horizonte infinito expondo toda marcial idade da juventude dessa amada pátria.
Os pipoqueiros também estarão por perto. Dizem que a venda de pipocas atinge os maiores índices econômicos de lucratividade, excetuando-se, é claro, o que é ilícito e ou imoral.
No palanque as autoridades se cumprimentarão; e, até acredito, com alguma ponta de orgulho por se sentirem responsáveis por toda festa. Atores da vida real no cenário nacional.
A macacada, crianças contidas pelo cordão de isolamento, a cada momento identificará amigos e parentes em desfile. Cenas de fortes emoções no magno dia da Independência ou Morte.
Alguns aviões no horizonte despertarão a curiosidade. Afinal de contas, o céu de uma nação também é dessa nação.
Após o desfile da última fanfarra escolar, os bares das esquinas estarão aglomerados, lotados de gentes e de cervejas espalhadas, na descontração sutil ao final desse desfile tão febril.
Um pai conduzirá um filho pela mão que carregará um cata-vento verde e amarelo.
Uma senhora, arrastando os pés, a toda hora, correrá o risco de tropeçar ou em buracos ou em desalinhados meios fios.
Um garoto sentado no muro, festejando inocentemente o Sete de Setembro, possivelmente perguntará:
- Pai, independência de que!