NÃO TENHO PRESSA.


    Quando criança, não    entendia      como    o crescimento físico acontecia .Imaginava que a gente crescia   assim de uma hora prá outra.E me perguntava: onde vou conseguir um vestido, um chinelo ou um sapato   que  me sirva?  E  com  esta grande  preocupação , não   tinha pressa de crescer. Quando entendi como era o tal crescimento, tive pressa de   aprender a ler, de terminar logo os anos de estudos, de  fazer  quinze  anos, de  arrumar  um  namorado , de  conseguir o primeiro emprego,  de  ganhar o mundo... E  quanta pressa para tudo! Disse   um filósofo  que  há  um tempo para  plantar, um  tempo para colher  e  um  tempo  para  usufruir. Aprendi  já na  minha pós maturidade que esses tempos não são estanques e que a sabedoria está em fazer tudo ao mesmo tempo, mas com equilíbrio .É o que tento fazer hoje. Quando jovens, nossa sofreguidão   para plantar nos impede  de  aproveitar  a colheita  e  de  usufrui-la  com satisfação.  Estamos sempre atarefados, sem tempo, cansados com a pressa do amanhã. Hoje, no outono da minha vida não tenho mais a pressa da   minha criança nem a da minha juventude. Para quê?      Só quero que o tempo da minha finitude caminhe vagarosamente. E que haja muitos e  muitos  amanhãs em  que   eu possa  plantar, colher e usufruir dos meus projetos de ser feliz.