O Retrato da Exclusão

Diante dos fenômenos que assolam nossa humanidade, a fome e a desnutrição produzem na sua síntese um espaço geográfico de dor e morte.

Vivemos em pleno século XXI, movimentado por vários acontecimentos, avanços tecnológicos, disparos na ciência, primeira mulher presidenta e primeiro presidente negro na história, envios de homens à lua entre tantos outros fatores.

Aqui, é bom interrogarmos todo nosso conhecimento: O que adianta todo esse progresso em nossa história se o principal, não é resolvido? O que adianta um mundo com países desenvolvidos, habitados por milhares de miseráveis e famintos? Porque investir em grandes acontecimentos futuros se não investem na realidade mortífera atual?

O ser humano, desde sua gestação precisa ter assegurado o seu maior direito: o direito à vida. E ao olharmos a nossa volta, vemos que isso não acontece. A vida em âmbito mundial, está jogada ao descaso de seus governantes que, ao invés de social o povo faminto a eles confiado, apenas tentam remediar a grave e aterrorizante realidade. Talvez se dermos um giro em nossa sociedade, não veremos indivíduos implorando por um prato de comida, mas sabemos que existem pessoas com braços e pernas finas, ossos à mostra... enfim, enfraquecidos por falta daquilo que na vida é indispensável: um simples alimento, apenas. Chegamos até mesmo, a cometer um “crime”, ao pensarmos que, só aqueles que vivem nas regiões africanas é que não têm

O que comer. Mal sabemos ou fingimos que não saber, que nosso vizinho pode estar em um pedaço de pão sobre a mesa de sua família.

Para alguns sociólogos a fome é “uma criatura” ou “um demônio” ou até mesmo “um vento”, que anda pelos bairros, assusta, provoca dor e pode matar quem a percebe e sente.

Se hoje existem pessoas, seres humanos como nós que sofrem com a ausência de alimentos, a culpa é nossa, pois, enchemos nossas dispensas, garantimos aos nossos e não deixamos sequer o mínimo aos que vêem depois de nós. Para alimentar-se ou pra alimentar a alguém, não precisamos comprar, não precisamos gastar o maldito dinheiro, mas sim repartir o que possuímos.

- Ah, mas está faltando alimentos...

Alimentos têm e de sobra, mas nós os prendemos e não partilhamos.

Tenhamos, pois, a consciência de que, enquanto comemos e desfrutamos de coisas boas e até mesmo reclamamos da frugal refeição de cada dia, hoje milhares de pessoas espalhadas por nosso mundão, que não tem o que comer. Se hoje temos, amanhã corremos o rico de não ter.

Por isso, na medida do possível, ajudemos, por tanto, as famílias próximas de nossas comunidades para que não lhes falte o alimento salutar. Procuremos suprir as desgraças de nossos irmãos por menor que seja o que possuímos. Não esperemos que todos morram, com essa falência, para tomarmos as atitudes necessárias. Não deixemos para os próximos anos o que podemos fazer agora.

Frei Zilmar Augusto OFM
Enviado por Frei Zilmar Augusto OFM em 11/06/2011
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