Ubuntu

 

                             A minha temerosa estreia no Recanto das Letras se deu no dia 19 de janeiro de 2010. E logo na minha primeira crônica, cujo título é “Mais ou Menos”,  citei Ortega Y Gasset.

                               E devo dizer logo  aos meus amigos que passei a ter um carinho especial por    aquela  crônica, que , afinal, não tem nada de especial. A não ser, talvez, a menção a um grande filósofo, que me deu ele a garantia de que poderia ser um relativista sem culpa.

                               Os leitores podem não acreditar, mas muitas vezes uma simples frase possui tal transcendência, que vou às nuvens quando tomo conhecimento dela. Pois é, a primeira crônica, que evidenciava um problema existencial meu, girou e  girou  para que eu chegasse triunfante à frase do filósofo. Perguntado por uma senhora se ele era mesmo o Ortega Y Gasset, veio a resposta imediata: “ Mais ou Menos”.  Quis ele evidenciar que tudo muda, inclusive nós  mesmos. Já sei que o leitor amigo já vai me advertir: -  Mas você está se repetindo, eu vim até aqui para saber de novidades.  É verdade, direi eu, mas quantas vezes a vida se resume em repetições .  Aliás, alguém já disse: “Eu não existiria  sem as minhas repetições”. 

                               Pois bem, vamos à novidade. Circula na internet um texto cujo título é Ubuntu.

                               Ubuntu significaria “ humanidade para com os outros”. É uma crença muito forte que vem ganhando força  em vários países da África, principalmente na África do Sul de Mandela.

                               Pelo que percebo, todos nós repetimos essa boa máxima: “humanidade para todos.”

                               O texto citado nos conta a história de um antropólogo que resolveu fazer uma brincadeira com as crianças de uma tribo africana. Colocou um cesto cheio de balas e guloseimas em um determinado ponto da aldeia   e fez o desafio:  Quem chegasse primeiro ao cesto ficaria com todos os doces. E gritou: “Já”.

                               Para  surpresa do estudioso das tribos,  as crianças  se deram as mãos e foram juntas para onde estava o cesto das guloseimas e lá chegando começaram a distribuir os doces entre si.   

                               Perguntou o antropólogo porque foram todas as crianças juntas, se uma só poderia ter ganho sozinha todo o cesto de balas. A resposta foi maravilhosa: “ Ubuntu, tio, como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?”

                               O corpo humano há muito tempo parou de evoluir.   Hoje, são as ideias que evoluem. Vamos aos poucos ganhando maior consciência.  O comando na atualidade é da cultura.

                               Como mudaria o mundo se a grande maioria da humanidade já tivesse encampado a ideia do Ubuntu, mesmo que essa história não seja verdadeira.

                               Desculpe, amigo leitor, mas vou me repetir com mais uma frase de Ortega Y Gasset, que radicalizou de propósito, mas dá pra entender o que ele quis dizer: “ O homem não tem natureza,  o homem  tem história”.