Vamos comer coquinhos!
Dizem que o ocorrido foi no Largo do Rossio, próximo ao monumento do Imperador. Havia muita gente em frente a casa do conselheiro, uma bela casa na esquina da nova avenida, Avenida Passos. O mesmo conselheiro que mais tarde iria para as bandas de Botafogo. Fogo! Gritava a multidão. Fogo no Teatro São João! O teatro do Fernandinho. Algumas carolas que ali passavam diziam que era castigo. "Foram usar o material da Sé, agora estão sendo castigados por usar coisas santas em lugares profanos!".
Fernandinho e João Caetano choravam abraçados diante das chamas que consomiam o belo teatro. Palco de artistas consagrados no mundo todo. Mas, posteriormente, o teatro seria reconstruído duas vezes e queimado também duas vezes. Palco de discórdias e manifestações políticas. Dizem alguns que um incêndio do teatro foi criminoso, visava um atentado ao imperador tupiniquim, o primeiro Pedro. Mas as falácias cariocas são de longos anos.
Hoje o Largo do Rossio é a Praça Tiradentes. Dum lado fica o Carlos Gomes, do outro o João Caetano; o mesmo que se chamou São João e São Pedro de Alcântara. A estátua do imperador continua lá. A casa do Zé, na esquina com a Passos já não existe mais. As pedras se vão, mas ficam as memórias. Ficam as estórias. Ficam os olhares distantes e próximos. O palco é o mesmo, mas mudaram-se os artistas.
"Olha lá, papai, vamos comer coquinhos!"