Marcha pela liberdade, sempre!

O preconceito criado em torno de um novo tipo de fumo tem raízes profundas em setores cujo enriquecimento não admite concorrência: setores dos vícios lícitos em geral. Vejamos o significado disto: um bêbado inveterado enrolando a língua acusa o filho de maconheiro. Chega a bater no peito dizendo: sou bêbado, mas não sou maconheiro! O bêbado fuma três maços de cigarros por dia seguido de pileque atroz. O filho fuma meio cigarro de maconha, estuda, trabalha e não gosta de beber porque tem desprezo pelo pai alcoólatra. (Assim como ascensoristas nunca aparecem em novelas esta trama também jamais servirá como exemplo). Vamos considerar que este “drogado” fumante se embrenhe por outras drogas pesadas, logo sentirá que está doente. Todo drogado com altas doses de dependência sente rapidamente que está muito doente. Tem dificuldade de se libertar, mas sabe que está escravo de algo que não lhe traz o devido prazer. Está agindo forçado pela doença da drogadicção. O bêbado não. O bêbado leva muitos anos de festividade para reconhecer o trajeto penoso e lento de sua dependência.

A maconha reconhecidamente causa dependência mental porque realiza um grande alívio das tensões diárias. Mas também possui pontos naturais de enfado. Milhares de pessoas de excelente caráter fumam maconha e são desprezadas pelos meios de comunicação. Novamente os focos de atenção estão ligados as exceções oriundas da miséria ligada a drogadicção, convertidas exclusivamente num único fator: drogas. É bem mais fácil para a mídia esconder a miséria como fator determinante.

Esse outro modo de pensar a droga passou a se enquadrar como forma inteligente de manutenção dos direitos individuais; diante da pouca compreensão sobre a liberdade constitucional quanto aos direitos individuais. A Marcha Pela Liberdade da Maconha precisou então se aliar a primeira ideia básica: o princípio da liberdade constitucional. Pouco divulgada porque os meios de comunicação geraram no seio da sociedade uma verdadeira guerra armada contra as drogas. Puniu e massacrou milhares de vidas ligadas ao consumo da droga. Patrocinadas pelas mentes ingênuas cometeram verdadeiros expurgos ligados à condição da manutenção da linguagem de prestígio. Os imperdoáveis maniqueísmos dos meios de comunicação focalizaram apenas os casos trágicos, e continuam focando apenas os casos perversos, para salvar as aparências do grande desastre humano patrocinado pela unilateralidade informativa.

Esse poder nefasto que a mídia possui e que desde Gutemberg vem sendo empregado para fortalecer o tabu além de milhares de vigarices abstratas é fruto de um pacto político. É o vento político quem enfuna essas velas desastrosas. Exprime uma mudança de mérito, reparem que sempre o país reage como numa luta. Primeiro eram os comunistas, agora os traficantes e amanhã qualquer outro preconceito dominante no campo dos costumes. A luta contra os impostos começou sem nenhuma grande mobilização do povo nas ruas. Uma das lutas mais importantes desta nação! É atualmente apenas uma rápida propaganda onde se corta um batom pela metade para mostrar que os impostos sangram a nação. A corrupção desenfreada, a malversação do dinheiro público e outras mazelas antigas, são maquiadas perenemente pelos enfoques esportivos, orações e novelas que ninguém mais sabe se são comédias ou tragédias.

Toda ideia que temos de melhoria passa por uma desinfecção armada. Tudo o que se apresenta como solução rápida são provimentos de carne humana para encarceramento. A SUPERFICIALIDADE E RAPIDEZ COM OS ASSUNTOS DE GRANDE MÉRITO QUE ATRAVESSAM NOSSAS CABEÇAS VIRAM APENAS ESPETÁCULO DE MÍDIA.

Esse crime é superior a qualquer droga que represente dentro dela o esquecimento. O consumo rápido de informação para quem não reflete, não pensa, destrói todos os esforços educacionais COMO O CONSUMO RÁPIDO DE CELULAR CANCERÍGENO. Um capítulo de novela aniquila um ano letivo inteiro na vida de um professor dedicado. O que existe é o sequestro do sonho nacional com a tentativa de controle da pouca liberdade que resta de escolha. Sou determinantemente contra as drogas pesadas e determinadamente favorável à descriminalização. A única maneira de modificar o enfoque que vem determinando a ruína ainda maior da juventude é reconhecendo o enorme problema sanitário deste país. Tratar com liberdade e educação as diferenças é amar também os bêbados na mesma proporção do direito. Aliás, dentro da televisão e dos jornais ninguém se droga. Todos são bonitos e se maquiam antes de entrar no ar.

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Esta página não teve anunciantes. É o que acontece com a verdade.

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 18/06/2011
Reeditado em 20/06/2011
Código do texto: T3043480
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