UM DIA DO AVESSO

"E por que minha lógica tem de ser a tua? Regada pelo medo do não-compreender e o dogma inevitável da morte. Crua realidade metódica de cores reais que me irrita, me enjoa, me retorce a espinha. Malditos números simétricos e equações a balancear. Teu conhecimento é poder de um oráculo supérfluo e pervertido, que tudo pensa conhecer e tateia o saber, violando sua honra como um estupro consentido, vulgariza!! Primeiro e o último com que falo. Mostra-me o mundo e me tira a vontade de vê-lo, de apenas não entende-lo e ainda sim contemplá-lo…agora lembro: os olhos arregalados, olhando para a luz, sentindo os flocos luminosos me mancharem a retina…lágrimas…os pingos caíam…estava feliz….não fazia sentido, e tua lógica mundana faz? Me faz entender o mundo como uma coisa morta, fria, dissecada, nua e violentada , mas com bela e brilhosa embalagem e desconto formidável. Tua Informação é poder e poder é fazer um faz de conta de entender tua própria busca por verdades. Vaga. Precoce. Imprecisa. E tu a buscas, como se entender teu porquê fosse simples como regra de três. Quem sabe embaixo do colchão? Quem sabe em seu caixão? Aliás…tua lógica não me faz sentido algum. Será tu e tua raça de bastardos cambada de gênios incompreendidos ou eu um mero louco a contemplar postes na garoa? Eu não os entendo, por isso contemplo. Não entendo tua lógica, mas a odeio! Vai entender. Já contemplaste postes numa garoa? fazem mais sentido que todas tuas verdades juntas, embora não compreenda suas verdades tão pouco os postes.

Ignorância consciente, embora momentânea, é um estado interessante. Contemplamos com a inocência do não saber, apenas por achar o belo redundante e digno do próprio nome. Um dia te inquietas e abres a cortina, aí saberás o porquê das coisas. E nesse dia, a beleza terá cores reais e números precisos, pernas abertas e semblante derrotado: Irás tragá-la, violenta-la, e seguirás em frente, pois agora ela é lógica, agora ela é morta.

Minha lógica não é tua lógica. Meus postes choram na garoa e me mostram o universo. Belo e estranho. Ilógico. Estou bem assim. E contemplo a vida. Ignorância agora por agora é benção. Resolvo então brincar de Deus. E Contemplas minha criação sem entender o seu real porquê"

Raphael Valle (filho)

Anderson Du Valle
Enviado por Anderson Du Valle em 25/06/2011
Reeditado em 25/06/2011
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