A menina do farol

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A menina do farol

Parei no farol. O vidro do carro estava parcialmente aberto do meu lado. Ela veio até mim. Era uma menininha bonitinha, mas maltratada. Olhou-me com cara de piedade e me ofereceu balas de goma. Como eu não tenho o hábito de comprar nada no farol, recusei.

Ela insistiu:

— Só cinqüenta centavos, tio.

— Eu não tenho.

— O senhor não tem cinqüenta centavos? — perguntou-me com os olhos arregalados.

— Não — respondi com firmeza.

Eu não queria continuar a conversa, mas a garota prosseguiu:

— Então eu deixo por quarenta.

— Também não tenho.

— vinte então — seguia ela com a pechincha.

— Não tenho, já disse.

Ela me olhou com um misto de raiva e pena e, arremessando as balas com força para dentro do meu carro, gritou:

— Fica com esse troço de graça, então!

Eu me espantei com a atitude dela, mas o farol abriu e eu segui viagem com o amargo sabor daquelas balas.

Cleo Oliveira
Enviado por Cleo Oliveira em 05/07/2011
Código do texto: T3077686
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