Sorria! Você está sendo filmado!

Quem ainda não teve a oportunidade de ler afixada à parede de algum estabelecimento comercial ou em outros locais públicos ou privados uma placa com a seguinte inscrição: “Sorria! Você está sendo filmado!”? Em geral, por motivos de segurança, é bastante comum hoje em dia depararmos por aí com essa frase escrita e, ao lado, a estampa de uma “carinha sorridente”. É claro que essa é uma maneira gentil e delicada de mostrar ao público que tudo o que está acontecendo naquele ambiente está sendo registrado para o bem maior de ambas as partes.

A princípio, deixando de lado a questão da segurança em si, penso que por, pelo menos, dois grandes motivos, esse tipo de “apelo” não faz o menor sentido para as pessoas que o leem. Primeiro, porque não é comum que alguém de sua livre e espontânea vontade mude “instantaneamente” de comportamento apenas por conta de um pedido registrado em uma placa qualquer, exposta em um lugar qualquer. Segundo (e esse motivo apesar de mais simples considero mais grave), é que as pessoas não estão habituadas a sorrir.

No restaurante onde costumo almoçar, durante o intervalo do expediente de trabalho, é possível identificar avisos assim em diversas salas do recinto, inclusive nos espaços reservados aos caixas. Vez por outra, enquanto me dirijo para fazer o pagamento, fico observando o comportamento das pessoas na fila. A falta de sorrisos já não me impressiona tanto. O que mais me chama a atenção é a presença de rostos carregados. Carregados de preocupação, de uma expressão de estressamento constante ou de quem acorda, não com o travesseiro sob a cabeça, mas com o mundo sobre as costas. Sabe aquela nuvem escura que em determinadas situações paira sobre a cabeça de personagens de um gibi ou de um desenho animado?! É assim que percebo. Em alguns casos, a tal nuvem já é quase visível!

Não estou querendo, com isso, induzir as pessoas para que já saiam de casa sorrindo à toa com o vento, com os dentes no quaradouro. Tudo bem que algumas até façam isso e se você não se importa em parecer um pouco louco aos olhos do mundo, não vejo problema nenhum. Mas a questão, aqui, passa muito mais pelo cuidado e pela percepção que cada um deveria ou precisaria ter com o próprio espírito, com o espírito que carrega, que é infinitamente mais leve do que qualquer peso que se possa imaginar.

Não é uma questão de sair bem na foto ou na filmagem, mas de lembrar que nosso corpo fala e que as palavras emanam do mais profundo de nosso ser. O corpo e o semblante refletem, claramente, tudo o que vai na alma. O corpo é o código de barras da alma. Quando a alma aflora à superfície da pele, o rosto transfigura-se por completo. Quando o espírito está bem, o corpo todo resplandece.

Perceba que uma parcela muito grande de nossas emoções se traduz em gestos transmitidos quase que automaticamente aos músculos faciais, em especial aos olhos, à boca e aos lábios. E como é bom saber que ainda existem pessoas que sorriem com os olhos! Os olhos são o espelho da alma! Se a sabedoria popular nos diz que os olhos são uma janela para a alma, acredito que possamos considerar os lábios como uma porta para o coração, apesar de saber que existem tantas portas e janelas fechadas por aí!

É claro que nem sempre levantamos todos os dias da cama com o pé direito, que é o bom! No entanto, apesar dos pesares, pela manhã e sempre que possível, procure abrir as portas do seu coração e as janelas da sua alma. Procure desde cedo no seu íntimo motivos para sorrir ou transparecer o seu sorriso! As pessoas ao seu redor vão perceber e agradecer, porque nada como estar perto daqueles que esboçam um ar de serenidade e esbanjam bons fluidos.

Mano Kleber
Enviado por Mano Kleber em 06/07/2011
Reeditado em 26/10/2012
Código do texto: T3078477
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