Você não tuita?

Medo da solidão ?

Estamos porosos. A mulher se pluga na internet antes mesmo de escovar os dentes. Tudo ficou transparente: nossas dores, negócios, amigos, deslizes, compras, opiniões, alegrias, fotos..etc.

É, a humanidade mudou e jamais será a mesma desde que as novas mídias, conectadas, em rede, em tempo integral, se tornaram presenças.

As pessoas passam o dia se informando, pesquisando, tuitando, postando o que lhe acontece, certamente amam e se comportam de forma diferentes.

São blogs, YouTube, Orkut, My Space, Facebook, Twitter, esse ultimo faz uma revolução ao favorecer ainda mais a interação, os laços sociais, culturais e afetivos. Uma grande janela indiscreta. O próprio nobel de literatura, José Saramago foi mostrado morto deitado na cama. Morte online. Velório virtual. Basta utilizar o zoom e sabe-se quem está o visitando na câmara mortuária.

Aquilo que antes era invisível, era intimidade, agora é exibido nos confessionários eletrônicos, laptops, ipods, notebooks, etc. E quem continua invisível, está morto. Não é visto. Não é lembrado. Quase não existe. Que interessante inversão cultural de “privado” e “ exposto” .

Quem não está plugado, morre socialmente. O privado invade o terreno público. Isso nos obriga a rever princípios e crenças. Nossas informações espremidas em chips de identificação, cartões de fidelidade, sites de relacionamento, fichas bancárias viraram ingredientes da economia e destinam-se a algo que não conhecemos.

Noutro dia, uma amiga me questionava sobre o motivo pelo qual eu não estava mais num site de relacionamentos : “ como? Tu não estás no Orkut?” Dei as minhas explicações, mas ela não se convenceu e com um ar de comiseração , arremeteu: “ Rejane, tu deves voltar ao orkut, ao facebook, lá estão os contatos, os amigos; entra lá e vai olhar as minhas fotos, estão lindas!” Que necessidade é essa que as pessoas tem de serem vistas?

Existe o lado bom , claro, informações de hospitais sobre os dados de nossas doenças e sua pregressividade , mulheres apaixonadas que numa rápida pesquisa investigam o amado, seus hábitos, com quem ele convive, o que pensa, e mesmo que fale pouco, suas comunidades e redes sociais onde está inserido, falam por ele.

A razão? No fundo, ainda bate o medo da solidão. As redes sociais preenchem urgências profundas. Isso nos dá a impressão de costurar o desamparo que o ser humano carrega desde o nascimento, quando enche de ar os pulmões, berra e cai no mundo. Entregamos nossos segredos para serem aceitos pelo grupo que se abre e se traduz.

Lucramos ou perdemos?

Rejane Savegnago
Enviado por Rejane Savegnago em 10/07/2011
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