FÉRIAS

Resolvi então sair do casulo e ir à praia. Nesse mesmo domingo o sol estava quente em demasia. Vi o nascente azulado. Nuvem. Senti a brisa. Vi o Mar. Verde-amarelado. Vi Prédio. Lixo. Polícia. Muralha. Assalto. Automóvel. Calçada. Fiz Caminhada. Vi Ônibus. Banco vazio da praça. Tênis. Boné. Mendigo. Cachorro. Coleira. Pássaros, Gaiola. Gato. Rato. Barraca. Barraqueiro. Coco. Água de coco. Vi pessoas jogando num campo. Rua larga. Rua estreita. Bola. Futebol. Gol. Pescador. Anzol. Isca. Peixe. Vi bares lotados. Cerveja. Camarão, Cigarro, Fumaça. Livraria. Livros. Bilheteria. Fila. Aperitivo. Copo. Tira-gosto. Discos de Vinil. Meninos jogando bola de gude. Terra molhada. Mulher na janela. Flor vermelha. Pneu furado. Uma batida de carro. Um bêbado. Trepadeira no muro. Mesa vazia. Cadeira. Casal. Crianças. Ouvi Riso. Gargalhada. Vi Árvores. Frutos. Semente. Carroça, carroceiro. Babá. Vi gente alegre. Triste. Correndo. Caminhando. Vi gente viva. Morta. Terra. Pó. Poeira. Sonho. Sono. Cinza.Enfim findou o mês junino e chega as férias para dar espaço ao lazer, a folga, ao descanso. Praia cheia, ondas, futebol, pipas no céu azulado de anil e muito sol estampado nos corpos bronzeados. É tempo de viajar, fazer algo novo, e não fazer nada. Viajar é um meio que leva o ser humano a se renovar interiormente. De muitas que fiz, foram muito importantes para mim.Na viagem, é possível haver muitas oportunidades de aprendizagem, como conhecer pessoas de outras cidades ou estado e mesmo assim aumentar o círculo de amizade.

Há pessoas que viajam como turista, com o intuito de conhecer outras regiões e pessoas. Outras viajam na intenção de renovar-se interiormente e de aprender algo novo.

A viagem proporciona a quem viaja um bem-estar, um voltar a si, é um adquirir culturas novas.

Viajar, pois, leva a pessoa a fazer uma reflexão relativa a conceitos, rever posicionamentos pessoais e também retomar valores que achava de absoluta importância.

Nos viajares de férias se pode dormir tarde e acordar cedo. É tempo de turismo, vendedor ambulante, caranguejo, peixe assado, água de coco, feiras, palhaços, algodão doce e bugigangas. Férias é ver o siri, a onda, é sentir a brisa no rosto suado. A onda, o siri, o vento. É assim o ciclo da vida. Bebida alcoólica, muito cuidado, porque se for dirigir ou tomar banho de mar não beba, tudo é muito perigoso. Pois é, que inveja me dá da garotada bronzeada, nos primeiros raios de sol da manhã. Uns jogam futebol, outros soltam pipas, outros pegam ondas, outros se banham e nadam à vontade. São as férias escolares. Enquanto, o poeta, o escritor um operário das letras não para e vai escrevendo formando seu castelo de palavras de tudo que o provoca no dia a dia.

É tempo de muito sol, aproveitar o momento. Como diziam os arcadistas: - Carpe diem - Aproveitar o dia, viver o momento presente com grande intensidade, foi uma atitude inteiramente assumida por esses poetas. E matinalmente a moçada vai à praia para ver o sol nascer. Mas como é bom andar descalço na areia e ter o contato com a água, a espuma e ouvir o vento, o barulho das ondas quebrando nas pedras. Como é bom o primeiro mergulho na água azulada. Férias, é andar a cavalo, a pé, de bicicleta. É pular, dar cambalhota e fazer amizades. É andar por aí aproveitando o máximo do tempo. Assim a juventude estudiosa vai à praia todas as manhãs dos dias úteis. Eu trabalhando com oficinas e colônias de férias. Mas digo sem maldade, que a juvenília folgazã aproveitem bem sem exceder nos estertores das férias julianas, mesmo porque você têm todo tempo do mundo pra gastar, enquanto eu vou aprendendo a gastar menos com certa parcimônia.

Ademais engraçado e ao mesmo tempo assaz e porventura estranho o poeta observar que os rapazolas e mocinhas uns passam pelos outros e raramente se olham, se falam e se tocam. Parecem robotizados, um paredão intransponível. Acho que o flerte foi abolido e de vez eles andam absorto do instante mágico do encanto e do encontro. Julho um mês de encontro e desencontro. São pensamentos que inda guardo em uma estreita réstia do passado. Mas quem vive de saudades não vive muito bem porque essa maltrata muito. Eu, mais um enfiado nesse presente, feito uma espátula enferrujada que não colore mais a vida que segue. Mas quando dezembro chegar estarei de férias até chegar janeiro para começar tudo de novo porque a vida continua.

Gilson Pontes
Enviado por Gilson Pontes em 15/07/2011
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