Déjà Vu

Falta um pouco de criatividade no mundo. Chega fim de ano e as coisas são as mesmas. Dá uma impressão que eu já vivi tudo aquilo que estou presenciando. Na TV a programação parece um replay. Histórias do nascimento de Jesus, especiais da Xuxa, Roberto Carlos (tortura), os mais manjados filmes inéditos e uma retrospectiva de falha nas gravações das novelas da Globo.

Na internet, árvores de Natal e promoções de aparelhos eletroeletrônicos que poderão ser pagos depois do carnaval em 24 prestações. O pior não é isso, o pior é que tem gente que ainda faz esses crediários. Está faltando o ser humano apreciar mais o que está em sua volta e que, por incrível que pareça, existem coisas eternas.

Há quem acredite que o Natal é uma época triste. No mundo da mídia, acho que é uma época lamentável. Todas as propagandas de televisivas são de uma família em plena ceia natalina. Já vi este filme!

O jingle do peru de Natal da Sadia me dá calafrios. Aquela ave mal passada saindo do forno, a avó sentindo o aroma do assado e ao mesmo tempo fechando os olhos de prazer. Na idade que essa senhora está, tenho certeza que o único orgasmo que ela tem é realmente o de uma atriz cheirando o peru do Natal. Qualquer coincidência com o nome da ave é descartada, por favor.

Estão na moda os reclames de celulares. Àqueles que tocam nosso sentimento com textos bem elaborados e imagens de tirar o fôlego. Mas, meu Jesus Cristo, é Natal, e infelizmente todas as propagandas são em uma ceia de Natal durante as revelações de um amigo secreto. O humor dessas propagandas é explícito e sem graça, e preste atenção, há sempre um carequinha na família representando o tio chato que cutuca os familiares.

Mera coincidência ou não, as lojas são todas enfeitadas com bolas coloridas, caixas falsas de presentes e funcionários com gorrinhos de Papai Noel. As empresas que fazem isso com seus empregados deveriam ser processados e os donos deveriam, em praça, pública, andar de terno com o gorrinho vermelho com um algodão na ponta. O consumidor não consegue tirar os olhos do adereço e os funcionários, além do constrangimento sente um calor infernal nas suas orelhas. Podem eles ter certeza que são os clientes falando mal deles.

Ah! Não podemos esquecer do Papai Noel do Fantástico, quem será este ano? Poderia ser o Cristovam Buarque, o bom homem do governo que irritou todos com seu trenó da educação. Muitos não acreditam em Cristovam nem em Papel Noel.

Papai Noel para presidente da República! Lula já está travestido do bom velinho. Até renas estão o empurrando. Ouvi dizer que ele torceu seu tornozelo em uma chaminé.

Os tucanos dariam bons Papais Noeis. Eles tentaram até embrulhar a Amazônia, mas não tinham papel suficiente.

Meu Deus! Posso por a minha mão no fogo se em sua família não terá um engraçadinho que, na noite de 24 de dezembro não falará que a sobremesa é só “pavê” e que é o peru que é assado, mas a missa é para o galo... Eu já presenciei esta cena!

Diego Mendes
Enviado por Diego Mendes em 05/12/2006
Reeditado em 05/12/2006
Código do texto: T310158