Um Aborrecimento
 
 

 
 
É horrível começar o dia mal. Pois hoje comecei. Estava indo tudo bem, na santa paz de Deus quando, após o RPG resolvi abastecer meu carro para que leve hoje, logo depois do almoço, minha irmã Márcia, rumo a sua casa em Recife e minha sobrinha Fabiana, de volta para a Universidade.(Cornell/em Ithaca, NY).

Quando lá cheguei encontrei um dos atendentes lavando um carro enquanto o outro foi me atender. Perguntou-me se eu também não gostaria de lavar o meu e aquiesci, agradecendo. Nesse momento entrou um terceiro carro, pelas beiradas e quem me atendia perguntou-me se, já que eu iria também lavar o carro, se não podia abastecer o outro primeiro, o que entrou pelas beiradas. Sem problema, respondi e assim foi feito.

Foi aí que a coisa parou de funcionar adequadamente. Quem lavava o outro carro interrompeu a lavação, talvez para atender a fila que já se formava atrás de mim. Quem me atendia disse: vou ali acabar de limpar aquele carro para adiantar e já volto para cuidar do seu. E foi. E na minha cabeça continuava tudo bem, como sempre. O outro voltou e resolveu abastecer o meu carro. Juntei todo lixo que encontrei no carro, recibos de pedágios e coisa e tal e sai para jogar no lixo. Fiquei conversando com quem abastecia meu carro sobre quando seria ou não vantagem abastecer com álcool e aí a surpresa: o primeiro atendente deixou o carro que estava acabando de lavar e foi....lavar o outro, o que entrou pelas beiradas. Eu disse para aquele com quem conversava: não estou gostando disso, olha o que seu colega está fazendo.  Juro, eu não estava nem um pouco nervosa, só insatisfeita, mas até aí nem ia falar nada, quando comecei a ouvir a prosa boba do segundo atendente querendo me dar uma lição de moral;credo, dona, nem precisa ficar nervosa, a gente vai morrer tudo e tudo vai ficar aí. Não adiantou eu lhe dizer que não estava nervosa, só não tinha gostado da atitude do colega dele, mas ele não parava de falar. Enquanto isso eu simplesmente deixei de ouvir o falante  que repetia sempre a mesma coisa e tentava justificar o companheiro dizendo que ele estava só limpando os vidros dianteiros porque o cara ia viajar (Como se  meu carro também não fosse viajar)  Fiquei observando  o outro voltar para concluir a lavagem do primeiro carro, ainda estava de bom tamanho, apesar da falação.  Mas, o motorista do carro que entrou pelas beiradas foi até ele, pegou o jato de água e foi simplesmente concluir a lavagem do seu carro. Ai eu realmente fiquei nervosa – nem me lembro o que disse, mas disse alguma coisa que mostrou a minha insatisfação:, o primeiro carro pronto, o meu parado e o das beiradas furando a fila limpando o próprio carro e a fila aumentando atrás de mim.

Bem é claro que aí reclamei para valer. Ouvi coisas assim:

- Dona, ele pegou da minha mão, não tive como impedir.
- Dona, ela só abastece dez reais de cada vez, achei que ia sair logo. ( Eu sempre encho o tanque e dou gorjeta para quem lava).
E ainda por cima o tal motorista apressado me diz Eu abasteci primeiro que você ! (É claro que abasteceu, permiti que passasse na frente).

Resultado, me  enfezei de vez e resolvi sair de ré e ir embora. O carro que estava atrás teve que se afastar para me dar espaço e foi embora de vez, sem abastecer. E ainda ouvi: você tem que pagar! (Como se eu não soubesse).Concluído o pagamento eles tentaram  me demover de ir embora, alegando que lavariam o meu carro imediatamente e enquanto isso eu poderia ir até a Padaria beber um cafezinho para me acalmar. 
 
O que mais me irritou não foi o fato em si, o que mais me irritou foi a desqualificação do fato, a conversa mole, a ironia vazia, como se eu fosse uma pessoa incompreensiva e nervosa, o que realmente não sou. Mas que eles me fizeram perder a estribeira, fizeram, e eu os informei que sua patroa iria saber de tudo e que eu não voltaria mais ali. O que não é verdade, não vou deixar de abastecer no Posto onde sempre abasteci e gozei da confiança dos donos porque dois despreparados não souberam como agir. Mas, se não é verdade, por que eu disse? (Isso também me irrita)