Amor a toda teoria: 1º parte
Amor a toda teoria:
Os iludidos por escolha:
Prefiro não saber que sei que não há mais nada.Prefiro pensar que ainda penso que acredito.Nada mais prefiro;agora fico quieta olhando os cantos,antes de ter que me atirar me equilibro sentada de frente para o abismo,e não gosto de ficar fixa embaixo,olho os detalhes,os pequenos detalhes que não me causam vertigem.Como são lentas essas maquinas humanas que preferem esperar que o fato aconteça a sua própria reveria e ainda se revoltam com o abismo que não os puxou antes.O que esse abismo espera pra me chamar Meu Deus ?...Mas prefiro tudo menos tomar uma decisão,mesmo sabendo eu prefiro ainda não saber que sei que não escolher também é optar.Disse que nada mais preferiria e assim há de ser.
Gosto de chegar com uma lagrima bem apontada no meu apartamento,sempre pronta pra escorrer quando finjo que lembro só no hall o quanto meu casamento vai mal,e finjo que só quero chorar quando abro a porta e dou de cara com a escada.Mas eu não choro todos os dias,sei que ele está lá,também sei que não o amo mas acho que sim e faço questão de esquecer que sei que a recíproca também é verdadeira.Esquecer também que não gosto disso e que nunca imaginei minha vida dessa maneira.Eu finjo que amo ele também pra que melhor.Esse abismo a muito me consome sem nunca se decidir,sem querer ser responsável,querendo que eu mesma tenha a coragem de me jogar,de atirar no escuro,como pode?quanta crueldade. “Pode ser que nos guie uma ilusão; a consciência, porém, é que nos não guia.”( Fernando Pessoa).Não posso mais sentir vertigem,também não posso me entortar inteira pra não olhar pra baixo,pois vou acabar me desequilibrando,não posso te ver deturpado,pois já tenho em mim perfeita e nítida esculpida em minha imaginação tua imagem perfeita pra me consolar enquanto o abismo ainda não se resolveu.
“Tomei a decisão de fingir que todas as coisas que até então haviam entrado na minha mente não eram mais verdadeiras do que as ilusões dos meus sonhos.”René Descartes
Sábado 25 de outubro de 2003:
Basta saber que você não veio e que sei que você sabe que eu sei que você não está onde disse que estaria,e não me sinto triste ou decepcionada,me sinto como acho que deveria sentir,sabendo que as coisas iam ser como são,entendendo o que acontece,mas ignorando isso de total maneira.Querendo ver diferente,pra não me amargurar,pra não ficar sozinha,pra pagar o preço,pra ser assim.
“Vão dizer que são tolices
Que podemos ser felizes
Mas tudo que eu sei
Não dá prá disfarçar
Dessa vez
Doeu demais!
Amanhã será
Jamais!...!”