Hugo Chavez, a morte lhe cai bem?

Sempre pensei que câncer combinasse com Hugo Chavez, o eterno e “democrático” presidente da Venezuela. Parecia, dada a figura nefasta no âmbito político, que é, parecia, digo, que a morte lhe caía bem. Mas, ao ver sua foto, calvo, depois do início da quimioterapia, e ler que esteve isolado durante certo período chorando e questionando, por quê eu? Me comovi. Já não achei que a sina lhe fosse desejável. Na verdade, tendemos a abominar as coisas desprezíveis, no campo das ações. A dignidade da vida humana é outra coisa. Algo que foi feito imagem e semelhança de Deus e não nos causa problema, antes, enseja compaixão nos momentos de carência. Continuo não gostando do que ele representa; um populismo cínico e uma ditadura mascarada, mas não folgo com a possibilidade que venha a morrer. Ah se os seres humanos, não porfiassem tanto por estragar o que Deus fez belo... Todavia, continua envergando sua farda, símbolo de sua “legitimidade” ainda que a morte tenha mandado lembranças. Que estranho o reino animal! O racional, a coroa da criação, é o único que carrega-se de pesos desnecessários para uma viagem onde sequer porta bagagem de mão... As coisas que se pode transportar, os bens da alma e do espírito são tão desprezados. E aquilo que o vento vai pilotar uma vez feito pó, ainda se encarrega de afligir a alma, pelo seu custo ao desejo. Pensando melhor, a morte não cai bem em ninguém, mas a vida de maneira indigna e opressora, às vezes transforma a ceifa em medicina social. O fato é que nos fazemos um, com nossos atos, e nossa dignidade humana some, debaixo de um modo indigno de viver...

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 08/08/2011
Reeditado em 08/08/2011
Código do texto: T3146066