Liberdade. Liberdade?

Hoje acordei com um cântico adorável. “Bem-te-vi.....” Outro respondia: “Bem-te-vi, bem-te-vi, bem-te-vi”......

O canto foi abafado pelo ruído intenso e invasivo de um culto evangélico, que desde ontem proclamava sua fé, de maneira estrondosa. Um coral estilo goospel, um pastor exortando suas ovelhas, a plenos pulmões. A igreja se localiza três ruas acima da minha.

Em princípio, respeito toda e qualquer forma de expressão cultural, ou religiosa. Confesso que até gosto do estilo desses corais, afinadíssimos, mas a seqüência, durante horas intermináveis, acaba funcionando quase como lavagem cerebral.

Ao lado do edifício em que morei, até um ano atrás, há outra igreja evangélica. Seus cultos acontecem nas manhãs de sábado. Iniciam às 8,30 horas e vão até às 12horas. Reiniciam às 14 horas e vão até lá pelas 19 ou 20 horas. Tudo depende do tipo de trabalho que realizam. Não raro, acontecem também durante a semana, à noite. Aí geralmente são rápidos. Ou aos domingos à noite.

Sempre achei interessante que esses cultos da semana iniciavam, cantavam e, de repente, silêncio e escuridão. Era muito rápido. Talvez para compensar o tempo de duração dos de sábados, ou porque havia pouquíssimos fiéis presentes nessas noites.

O que me leva a comentar sobre esses cultos, é o direito de livre expressão, ou sei lá como isso se chama.

Sei que todas as religiões têm seus cultos, cantam, oram em conjunto, mas geralmente têm a duração de uma hora e, raramente os templos são construídos em áreas estritamente residenciais.

Ora, tanto no prédio em que eu morava, como nas casas vizinhas, pois o bairro é estritamente residencial, há moradores que desejam aproveitar o sábado, para descansar, dormir até mais tarde, ver algum filme.

Durante as horas em que os cultos eram realizados, eu não conseguia assistir televisão, pois o ruído é constante, tanto pelos cânticos, como pela prédica dos pastores, isso quando não há os gritos dos fiéis.

Sempre aprendi, que nossa liberdade vai até o ponto em que a do outro inicia. Ora, assim raciocinando, todos os moradores vizinhos são obrigados a participarem, queiram ou não, do culto de religiões que não as suas. Isso fere o direito de livre escolha.

Não pretendo que essas igrejas parem de existir, pois penso que são necessárias, uma vez que cada um tem a crença que necessita, mas acredito que deveriam pensar no respeito que é devido à cada pessoa.

Atualmente estão sendo construídos templos enormes em uma avenida que recentemente foi modernizada, mas onde não há tantas moradias, nas redondezas. Acho que é uma opção para essas igrejas que têm cultos tão ruidosos e tão longos. Não é a sua fé que perturba, é a maneira como a professam.