Suicídio Indireto

O alcoolismo é uma doença que vem dilacerando pessoas e famílias há muito tempo, porém não é considerada uma doença para a maioria dos alcóolatras e nem para os seus familiares e amigos.

A vergonha e o preconceito fazem com que as pessoas e as famílias não assumam o alcoolismo, isto contribui enormemente para a propagação desta doença, que tem outros facilitadores, como a legalidade, a facilidade para a compra e os preços baixos.

No último dia 21 de julho faleceu uma importante e querida pessoa da família. Com 50 anos de idade, nova, inteligente, boa índole, que aceitou em vão uma doença que assola milhões de brasileiros, mas que ainda é vista de maneira pejorativa.

Foram 25 anos de degradação física, psíquica, intelectual e moral desta que é uma doença silenciosa, que vai tomando conta do corpo e da mente, pouco a pouco, e quando se percebe já é dona de suas vontades, valores e desejos.

Dia 24 de julho, três dias após, veio a falecer Amy Winehause, sem dúvida, até o momento, a maior cantora deste século XXI. Aos 27 anos de idade deixou-se abater pelas drogas e pelo álcool.

Ambas, guardadas as proporções naturais, desperdiçaram seus talentos precocemente e tinham suas mortes anunciadas a qualquer momento.

A cada internação, que existiu, tinha-se a sensação clara e nítida de que daquela não passava, e foram várias, até o dia fatal.

O suicídio é um ato não aceito pela maioria das pessoas e porque não dizer pelas religiões, afinal, se somos donos de nossas vidas, logo, façamos dela o que bem entendermos, muitos usariam este discurso para justificar o ato, entretanto, não somos donos de nossa morte.

Mas o suicídio seria apenas aquele em que se dá cabo à vida num ato? Um tiro na boca? Enforcamento? Tomar uma dose letal de remédios?

Não seria também uma “modalidade” de suicídio, aquele em que a pessoa vai se matando aos poucos, devagar e pausadamente, se isolando do mundo e vivendo em uma realidade própria que se exclui da família e da sociedade, que esmaga a sua dignidade e seus sonhos?