Irreformável como nas novelas...

Improvisei a brincadeira numa comunidade da ‘internet’. Há algo que posso sublinhar como normal atualmente por parte da grande massa de internautas: quando encontramos uma página que oferece certo grau de atratividade e interatividade, ela acaba eliminando o interesse pelas páginas antigas navegadas.

Essa infidelidade é semelhante ao temor inato que temos aprisionado pelo ciúme dentro das nossas conquistas amorosas. Queremos o que é nosso como uma pedra ou nome próprio até que um dos dois revele sua vida interior independente. Pensando nisto resolvi abrir um tópico onde confessei em tom de humor minha total simpatia pela descriminalização da poligamia e até da poliandria o que é natural em diversas sociedades estudadas. A resposta treplicou imediatamente e abriram outro tópico exigindo enforcamento para traidores no amor. Tal sociopatia tem raízes no padrão novelesco embutido nas indigentes almas dos milhares de expectadores, todos sem pendores para a boa análise da perspectiva subjetiva. Esponjas da realidade artificializada. Une-se a isto a monomania do monoteísmo e toda sorte de monoculturas. Agora mesmo estava no ar o programa cultural do Faustão com a seguinte indagação: se você visse o namorado da sua irmã com outra na praia contaria a ela?

O drama real e a alimentação dramatúrgica moldaram a histeria fatídica, sem nobreza. Boa apenas para crimes passionais e outras façanhas facinorosas acumuladas em capítulos. O ciúme doentio encontra farto subsídio na mídia e por mais que a senhorita Laitano escreva que a esta sendo responsabilizada por tudo neste mundo, deve brilhar no fundo da sua alma boa e generosa, uma socióloga eximia dentro da jornalista profissional.

A estrutura de comunicação da sociedade se vale dos valores que consegue reunir para benefício enquanto poder dentro da escala que representa. Temos nisto a obtusa e rasa visão de que somos objetos contratuais das relações.

Vivemos integrados por um lado desse mar de excitação entre convites para desfrutar da natureza livre de preconceitos, e, por outro, surrados quando conseguimos uma habilidade maior no exercício físico das nossas potencialidades. Fata entre os dois mundos dominados pela comunicação avelha razão das justas núpcias. Definidas como duas almas em que à natureza de modo normal comportam identidades prontas para se bastar quanto às novas exigências. Isto omitindo a existência de indivíduos que inserem no relacionamento o compartilhamento poliamoroso.

O amor tornou-se semelhante às novelas da televisão. Recai sobre o romantismo aprisionado. O resultado é o entupimento das normas legais sobre a vida íntima e emocional da sociedade banalizada pela má constituição reflexiva.

Minha opinião é de que devemos cuidar da própria vida e melhorar esse aspecto demasiadamente uniforme da subjetividade para que possamos atingir um grau elevado de incentivo e melhoria. A delação toma sempre a voz irreparável daquilo que lhe parece irremissível. Pouco tempo gastei na comunidade virtual. Infelizmente 99, 9% das pessoas pensam como a televisão. Aprenderam mais do que com a educação a opinião instantânea como as massas de cinco minutos. Angustiante é reconhecer que existem poucas hipóteses das escolas atuais garantirem um espaço nesse estágio irreflexo patrocinado.

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 14/08/2011
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T3160029
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