Complicado e perfeitinho

Eu não sou garoto. Sou novo para os velhinhos e velhinhas que me procuram no escritório, mas eu não sou mais lá aquela flor do campo cheia de beleza e perfume. Tudo bem, tenho lá meus dias de fera indomável e me sinto o super, o fodão, mas depois de meia hora caio na real. Sou um cara que já pode perceber o início da descida.

A sincronia entre cérebro e músculos ainda não está atualizada. Por algum motivo o cérebro não reconheceu os sinais do tempo e por isso alguns conflitos são inevitáveis. Quem diria que eu, pertinho dos quarenta, ainda pense poder escolher uma faculdade, cursar inglês, começar a correr aos 100 quilos, criar filho, dar conta de esposa e de um trabalho pra lá de chato e ainda por cima achar possível ser feliz? Pois sim, yes I can. A felicidade acabou com a vida e só restou a culpa.

Início de lamentos.

Bom, foi tempo que me lamentava, agora não posso mais. Tenho um caroço crescendo no pescoço e preciso tirá-lo. Sim, semana que vem ele vai embora e espero que outras coisas também sigam seu caminho, de preferência para bem longe de mim. Por mais pessimista que eu seja chega uma hora em que alguma decisão precisa ser tomada e no momento é: definir o sentido da vida. Ora bolas, para que serve esse lugar, esse corpo gordo, essa cabeça grande e esse pinto pequeno? Será que é só esse vai-e-vem, esse ir-e-vir de casa-trabalho-casa e passeio na praça aos domingos e um monte de culpas, ou tem alguma coisa que se aproveite?

Então vamos lá, Uma lista de coisas está sendo preparada para sumir com o caroço. A primeira: culpas.

A segunda..... bem.... ressentimentos. Li em algum lugar que o ressentimento é beber veneno e esperar que os outros morram. Simples assim.

Do terceiro ao vigésimo oitavo itens estão todas aquelas coisas que impedem que a simplicidade seja o caminho. Que o necessário seja o suficiente.

E assim vai, essa espécie de "novena" de sete dias.