Justa-mente. A justiça esquecida.

Cada dia me convenço mais, que o Magistrado e o seu fiel séquito são amantes fervorosos da senhora burocracia. Massa gregária vinculada, eternamente, a procedimentos morosos, ultrapassados e desnecessários.

Ególatras sentados em uma pilha de árvores derrubadas, carimbando o que desconhecem. Seres supremos, que assim como os Incas, possuem seu próprio calendário. Demiurgos, como se sentem. Oráculos, como foram levados a crer.

Formadores de opiniões, que se esquecem; um dia também foram formados. Criadores de decisões, que descansam antes do sétimo dia. Procrastinadores, por “excelência”, do destino alheio.

Em seus gabinetes impenetráveis e inexpugnáveis, em suas pomposas e elevadas poltronas, por trás de suas lentes finas e imagens turvas, destilam sua sapiência magnânima nas entrelinhas dos minutos "gentilmente" concedidos.

Transferem para todas as certidões o título indiscutível, que de tanta ostentação faz inveja ao Duque, ao Comodoro e, até mesmo, ao Barão. “Ricos felizes”, não conseguem enxergar que a nobreza não está no cargo, mas sim no papel exercido na função.

Blindados - por suas togas imaculadas - perdem a consciência de que igualmente são vísceras, suor e coração. Carne e osso, dúvida e certeza. Retidão e compaixão.

Saúdo todas as belíssimas exceções que confirmam a regra, porém, que não se rebelam contra ela. Na busca da justiça, quase todos se esqueceram da missão.

RSollberg
Enviado por RSollberg em 18/08/2011
Reeditado em 18/08/2011
Código do texto: T3167740