Mora no Planeta Júpiter.



 

 

Sou advogada, mas nunca militei no fórum. Minha experiência na área é como professora de Direito e consultora, além de promover negociações. Quando elas não são possíveis, encaminho aos advogados especializados naquelas causas.

 

Há alguns anos procurou-me um amigo, que havia se formado arquiteto em Paris, querendo que seu diploma fosse revalidado sem fazer adaptação das matérias. Disse a ele que isso não era possível, ao que ele, cuja causa se arrastava há muitos tempo na mão de outros advogados, retrucava que não era justo fazer a tal adaptação. E eu me via numa camisa de onze varas.

 

Até que um dia resolvi . Tomei as providencias e, claro, o resultado foi insucesso. Consultei o MEC, não entrei na Justiça. Fui para a cidade dele e disse que não ia dar andamento ao caso, pois o MEC já havia dado sua posição.

 

Ele não disse nada. Fiquei aliviada de ver o caso encerrado.

 

A cidade onde ele mora é conhecida por ter um dos céus de estrelas mais belos do País. As pessoas se reúnem fora da iluminação da cidade para vê-las. Eu queria ver também. Ele disse que, claro, me levaria. Até então sempre fora uma pessoa doce, educada. À noite, disse que eu iria na frente, com os adolescentes (uma porção deles) que lá estavam e um deles dirigiria para mim, para que eu pudesse olhar melhor o céu.

 

Num determinado ponto da estrada de terra, o motorista parou o carro. Todos descemos. Achei que fosse ali. Não havia muitas estrelas e eles começaram a gritar e a pular em torno de mim. Pensei que fosse uma brincadeira, mas a coisa começou a pesar. Senti que ia ser estuprada, estupro coletivo. Passavam a mão perto do meu rosto, dos meus seios, das minhas pernas,do meu sexo, como numa dança de horror, de loucura, cada vez mais próximos. Eu estava mais mole e sem reação que geléia. Achei que era o meu fim.

 

De repente, olhei para o lado direito do céu. Vi um planeta. Era Júpiter. E dentro dele, senti a presença de meu grande amigo de Franca, Conrado. Que foi rápido e direto em suas instruções. Senti-me uma gigante. Corri, entrei no meu carro, travei: estava com a chave na ignição. Dei marcha a ré com força, só se salvaram porque pularam. Porque eu não me importava um pingo em matá-los. Não tomei nenhum cuidado. Quando me vi livre do bando, dei meia volta e calmamente, depois de tanta descarga de adrenalina, voltei para a minha cidade. Algumas vezes, durante o trajeto, ouvi o riso tranqüilo de Conrado.

 

Tempos depois eu estava na Praça Barão, e me deitei num banco, ao lado de uma turma que tocava violão. Estava feliz, algumas musicas eu cantava junto. Adoro musica. De repente olho para o lado direito do céu. Era Júpiter e Conrado a me dizer:”- Lu Cappelli, está na hora de ir para casa.” Por dentro reclamei que era cedo, mas obedeci. O grupo insistiu muito para que eu ficasse. Me deu a sensação que eles insistiam um pouco além da conta. E pensei depois, sabe-se lá o que poderia ter me acontecido.

 

Depois desses fatos, Conrado morreu, em 2007. Em 2008 eu estava em Porto Seguro. Distraída tomando Coca Cola e olhando o mar, o dia anoiteceu. A dona do bar chamou um mototaxi para me conduzir ao hotel. No meio da estrada escura, deu vontade de fazer xixi. Mas estava com medo de pedir para parar. Na estrada escura., sozinha com um estranho.....mas estava insuportável. Até que olho para o lado esquerdo do céu e lá estava Júpiter, e, nele a presença de Conrado, dizendo que logo apareceria um posto, bem iluminado,com banheiros bons e que lá eu poderia parar tranqüila. Foi o que aconteceu. Imediatamente apareceu o posto na estrada. E era bem bonito.

 

 

 

 

 

luciana vettorazzo cappelli
Enviado por luciana vettorazzo cappelli em 23/08/2011
Reeditado em 23/08/2011
Código do texto: T3178189