A transparência das coisas

Todos os acontecimentos têm a sua filosofia. Uma vez li uma frase do escritor francês Théophile Gautier: "Sou um homem para quem o mundo exterior existe". Pôs-se a dizer que devemos admitir e aceitar a existência das coisas como ela se desdobra aos seus sentidos. Se tudo o que viesse a tona não recebesse o mínimo de atenção possível, não seria sensato falar sobre a forma pela qual devemos agir em determinada situação. Qualquer um sempre tenta interagir mediante o que soaria ético em um âmbito geral ou, em alguns casos, particular. Mas não estou aqui para apregoar o que seria ético em toda a sua força em um caso especial, no entanto para deixar claro, para muitos, em que fatos poderíamos e deveríamos sê-lo tal qual em todo o seu feitio, até em coisas mais simples do dia-a-dia a fim de conseguirmos, de maneira pacífica, progresso naquilo que fazemos, devemos e até mesmo desejamos fazer.

É de praxe tentar observar as coisas de ângulos diferentes a fim de tentar absorver todos os significados das coisas em qualquer situação que se esteja. Às vezes, agimos com uma sensatez cega que nos põe dentro dela mesmo e fazêmo-lo, pois, por não agirmos de modo correto devido ao ego que nos corrompe. E, assim, o nosso moral se corrói a duras penas pela falta de interesses em corrigirmos as próprias faltas. Esquece-se da transparência das coisas quando ocorre alguma crise econômica-política-social (ou mesmo pessoal). Esta arte do esquecimento tem se tornado comum nos mais diversos escândalos, o que faz a ética ser anunciada pelos mais afetados.

Às vezes, pergunto-me: o que é a ética? A ética é uma necessidade? E a partir de que momento? Sabemos que a história é pródiga de exemplos de atitudes aéticas, mas que conseguiram certo progresso; e de exemplos éticos que, de algum modo, não conseguiram desenvolver alguma nação. Só para citar uma situação de cada lado: a Grécia de Alexandre, o Grande, o qual, mesmo tendo seguindo a falta de ética, obteve progresso político, cultural, arquitetônico, etc; e houve o estilo de Mahatma Gandhi que, apesar de ter sido virtuoso por conseguir, de maneira pacífica, algum progresso (o domínio do pensamento), não alcançou certo desenvolvimento no sentido mais concreto, no que diz respeito a economia, ao social, etc. Não que esse domínio de pensamento não seja útil, pois acredito que todo homem deveria ser filósofo, pois este alcança as melhores respostas através da verdade e da sabedoria por meio de uma ética moral, que está quase em desuso.

Acredito, assim, que a frase de Gautier nos ajuda a perceber que devemos sempre agir dentro da esfera da explicação do real para que possamos conseguir progresso naquilo que é ético e moral. Mas, para tal, deve-se seguir segundo a conclusão de Immanuel Kant: “É só no domínio da moral que a razão poderá, legitimamente, manifestar-se em toda a sua pujança”.

Ricardo Miranda Filho
Enviado por Ricardo Miranda Filho em 24/08/2011
Reeditado em 05/09/2013
Código do texto: T3178497
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