UM OUTRO TIPO DE "POLUIÇÃO"
Fátima Irene Pinto
 
Hoje não vamos falar de poluição ambiental.
Preferimos falar da poluição que tem reinado dentro dos lares: filhos não respeitam mais seus pais... mas talvez esta seja uma geração em que os pais dão coisas demais para seus filhos, afeto de menos e noções de limite iqual a zero.
 
Preferimos falar da poluição que reina nas escolas, para onde as crianças ou os jovens levam o sumo da falta de educação não recebida em casa. Desta forma, o mesmo filho(a) rebelde, injusto, agressivo e mal educado vai agredir seus professores ou assediar outras crianças tímidas ou sem defesas.
 
Preferimos falar da poluição das ruas infestadas de falsos mendigos e de mendigos reais. De crianças marginais. Meninos iniciados na contravenção. Meninas iniciadas na prostituição, as drogas correndo soltas. Vidas perdidas, sobrevidas, num tempo em que a vida deveria estar no seu desabrochar.
 
Preferimos falar da poluição carcerária onde bandidos perigosos (mas poderosos) encontram benesses e onde ladrões de galinha permanecem esquecidos. Poluição dos carcereiros atentos às trocas de favorecimentos. Poluição sobretudo do Suborno ... maldita praga ou doença social, tão vil quanto a própria disseminação das drogas...tão suja e tão cruel quanto a poluição chamada narcotráfico. Suborno...prática banal nos dias de hoje, em qualquer segmento da sociedade.
 
Preferimos falar da poluição dos sem terra. O que eles têm feito com o pedaço de terra que lhes foi concedido? Estão plantando? Estão colhendo?
Basta passar numa área a eles destinada para se ver antenas parabólicas, carros bem conservados ou novos...plantação nenhuma. Muitos deles têm suas casas nas cidades mas aliam-se ao movimento gananciosamente, para barganhar depois com as benesses recebidas.
 
Preferimos falar da poluição tenebrosa do desvio de recursos destinados às vítimas das catástrofes naturais, recursos estes arrecadados via mutirão pelas pessoas de bom coração ... mas que não chegam ao seu destino pois são roubados e desviados no percurso.É inacreditável que até as verbas estaduais e federais sejam malbaratadas e usadas para fins particulares, quando a situação é grave e demanda providências e socorro imediatos.
 
Preferimos falar da poluição fétida e cancerosa que vem de cima, que vem daqueles que deveriam dar o exemplo. Daqueles que, revestidos de autoridade, criam leis que os protegem e os favorecem ao mesmo tempo em que dão uma banana para o povo. Poluição dos que fazem farra (impunemente) com o sagrado dinheiro público...dinheiro que deveria estar a serviço da saúde, da educação e da segurança pública.
 
Na verdade e, pensando bem, acho que o nome do texto deveria ser Indignação contra aquilo que tem nos consumido pelas bordas, silenciosamente, implacavelmente e que também poderia levar o nome de "podridão e decadência" instaladas tão profundamente e atravessando os anos tão impunemente, que parecem inúteis e vãos os apelos daqueles que ainda clamam por justiça.
 
30.08.2011
Descalvado - SP

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fátima Irene Pinto
Enviado por Fátima Irene Pinto em 31/08/2011
Reeditado em 31/08/2011
Código do texto: T3193581
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