NELSON RODRIGUEANAMENTE ( PELO HOMEM FIEL)

Admito minhas preferências estranhas já sabendo, de antemão, que poucas mulheres irão me apoiar. Se é que terei algum apoio. Pois, gostar da pureza caiu em desuso. Chega a envergonhar. Admito porém, corajosamente e sob todos os riscos, não fazer coro à demanda de mulheres que preferem os canalhas aos certinhos, que aceitam resignadamente não terem seus telefonemas atendidos, que tentam por toda a vida mudar um homem mulherengo. Não vejo graça em nada disso. Obviamente, mulher nenhuma se atrai pela traição. Veladamente: só pelo que pode levar a ela. Homens atraentes, festeiros, com fama de mulherengo, com dois celulares, que não atendem às chamadas e sempre inventam desculpas na ordem “doença – trabalho – família”. Eles, segundo elas, que tem a famosa “pegada”!

A idéia da disputa, do mérito de conquistar, ou estar com um homem assim (mesmo sem ter conquistado), alimenta o ego da mulher. Fato. No entanto, sigo convicta ao meu pensamento inicial. Não me atrai.

Deixei meu lado confrontador de desafios trabalhando no setor dia-a-dia e assuntos profissionais. No amor só quero parceria. Gosto de caras certinhos, estudiosos, seguros do que querem, que estejam presentes e me queiram presente. Caso contrário, meu generoso sentimento de orgulho funciona como um anticorpo detectando um vírus. Expulsa sem decoro. Sei que vou dar o melhor de mim, portanto não aceito menos que o melhor.

Ter um parceiro fiel e virtuoso em nada denota chatice. Pelo contrário: revela alguém confiável com quem eu possa provar dos mais variados prazeres da vida, em vez de perder tempo policiando ou tentando mudar alguém. Se fogo é o que se quer: acende-se o outro. Provoca-se. Em vez de esperar dele, dá-se o que falta à relação. E se o cafajeste é mais fogoso na cama, ser uma cafajeste com ele e,desse modo, ter a exclusividade da recíproca . Afinal, na vida a dois tem-se espaço pra todas as fantasias. Até mesmo a minha: a fantasia do homem fiel, haja vista eu adorar uma honestidade no dia-a-dia, um homem decente que visita a mãe aos domingos. Responsável. Carinhoso. Fiel. E fiel de novo. Acima de qualquer suspeita. Um homem assim me desperta ganas de estar ao seu lado para tudo: tomar porres no fim de semana, falar besteiras ao ouvido e principalmente para sermos canalhas juntos. Um com o outro ao mesmo tempo e no mesmo espaço.

No geral, as pessoas têm valores diferentes, por isso deve-se respeitá-las. Feito isso de coração, o dever está cumprido. Não precisamos estar com alguém com ideais e vivências que nos fazem sofrer e nos humilham esperando mudança, quando podemos encontrar alguém com mais sintonia de quereres.

O cafajeste vestido de bom moço é um canastrão, um produto pirateado. Todos sabem que é ruim, está na cara que não é verdadeiro, mas no caso do cafajeste, sai caro. O barato que custa, às vezes, o preço da dignidade de uma mulher. O bom moço vestido de canalha é um aprendiz. Ele paga pra ver, faz pra agradar a parceira e ainda é feliz por isso.

Juliana Santiago
Enviado por Juliana Santiago em 02/09/2011
Código do texto: T3196113
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