Quando tomba um policial

Hoje está chovendo. Tudo cinza.

Quando cai um policial as folhas secas e mortas ajuntam-se, rodopiando pelo chão numa dança triste de ocaso.

Quando cai um policial os dias são cinzas e sem brilho, mesmo o sol de um verão não traz calor e brilho aos colegas daquele que tombou.

Temos nossas diferenças.

Temos nossos defeitos.

Somos desiguais.

Somos homens e mulheres.

Mas convivemos diariamente com a vida e com a morte.

Somos vida e morte.

Alguém poderá dizer: mas por que escolheram profissão tão arriscada? Tenho para dizer que não escolhemos, somos escolhidos. Escolhidos pela vida, escolhidos pela sina, escolhidos pelas costas largas, pela força dos ombros ao escorar o madeirame da cruz, escolhidos pela sorte, escolhidos pela morte, talvez.

Mas somos unidos. Unidos por um sentimento inexplicável de afeto. De amor. Algo incomum. Quando tive meus filhos conheci esse tipo de amor, amor incondicional, inexplicável, mágico e encantado - assim é o sentimento que nos une, nós, os policiais! Não é um mero corporativismo. Nunca. Somos uma família. Somos um time. Somos irmãos. E quando um de nós cai, é como se todos caíssem um pouco também.

Nosso olhar fica distante. O silencio nos impacta. As brincadeiras cessam. O riso emudece. Um policial morreu.

(Nossa homenagem à Diego Veiga dos Santos, policial civil, 29 anos, tombado cumprindo o dever de servir e proteger/Posto laranjeiras-BR 290/ dia 04 de setembro de 2011/Cachoeira do Sul)

Rejane Savegnago
Enviado por Rejane Savegnago em 05/09/2011
Código do texto: T3202929