Independência começa com:

Na foto da minha escrivaninha: Três escritores brasileiros que propagaram a idéia do nacionalismo no ínicio do século XIX. Da esquerda para direita: Gonçalves Dias, Manuel de Araújo Porto-Alegre e Gonçalves de Magalhães (1858).

Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria; na realidade, características já cultivadas na Europa e que se encaixavam perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar profundas crises sociais, financeiras e econômicas. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembléia Constituinte ; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, de nacionalismo.

Os primeiros românticos são conhecidos como nativistas, pois seus romances retratam índios vivendo livremente na natureza, numa representação idealizada. O índio é transformado no símbolo do homem livre e incorruptível.

Nosso Romantismo apresenta como traço essencial o nacionalismo, destacando o indianismo, o regionalismo, a pesquisa histórica, folclórica e lingüística, e a crítica aos problemas nacionais.

No Brasil, a poesia romântica é marcada, num primeiro momento, pelo teor patriótico, de afirmação nacional, de compreensão do que era ser brasileiro, ou pela expressão do eu, isto é, pela expressão dos sentimentos mais íntimos, dos desejos mais pessoais, diferente do ideal de imitação da natureza presente na poesia árcade. Isto tudo seguido de uma revolução na linguagem poética, que passou a buscar uma proximidade com o cotidiano das pessoas, com a linguagem do dia-a-dia. No poema "Invocação do Anjo da Poesia", Gonçalves de Magalhães diz que vai abandonar as convenções clássicas (como a da cultura grega) em favor do sentimento pessoal e do sentimento patriótico.

O Romantismo no Brasil teve como marco fundador a publicação do livro "Suspiros poéticos e saudades", de Gonçalves de Magalhães, em 1836, e durou cerca de 45 anos terminando na década de 1880 com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis. O Romantismo foi sucedido pelo Realismo.

Apesar de servir como marco de início do romantismo no Brasil, a obra "Suspiros Poéticos e Saudades" não apresenta grande notoriedade ou importância no cenário artístico poético do romantismo brasileiro assim como as outras obras de Gonçalves de Magalhães.

Vocabulário mais brasileiro - Como um meio de criar uma cultura brasileira original os artistas buscavam inspiração nas raízes pré-coloniais utilizando-se de vocábulos indígenas e regionalismos brasileiros para criar uma língua que tivesse a cara do Brasil.

Canção de Exílio (Gonçalves Dias)

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar — sozinho, à noite —

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu'inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

"Idéias nacionalistas já existiam, mas, com a falta da imprensa a dificuldade da divulgação da idéia nacionalista não se propaga. Com a vinda da corte portuguesa ao Brasil a liberdade de expressão aumenta. É criada a imprensa nacional e deste modo o ideal romântico escrito por Victor Hugo: "Nem regra , nem modelos ", se estabelece. Grandes poetas desenvolvem a poesia romântica teor patriótico, de afirmação nacional, de compreensão do que era ser brasileiro. O Brasil de fato começa aqui!""

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ABRAMS, M. H. The Mirror and the Lamp; Romantic Theory and the Critical Tradition. London / Oxford / New York: Oxford University Press, 1977.

ALMEIDA, Pires de. A escola byroniana no Brasil. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura / Comissão de Literatura, 1962. (Textos e Documentos, 5).

AMORA, Antônio Soares. O romantismo. 5. ed. São Paulo: Cultrix, 1976. (Literatura brasileira, 2).