ÁLCOOL: ILUSÃO TRAIÇOEIRA

Historicamente, a bebida sempre foi usada com três objetivos: alívio das angústias, contato com o sobrenatural e busca do prazer. Pelo fato do álcool ser associado ao prazer, o alcoolismo demorou a ser uma preocupação da medicina. Os bêbados consagrados das artes em geral, sempre foram invejados para serem considerados doentes. "O melhor da vida está na intoxicação", dizia Lord Byron. "Cristianismo e álcool são os nossos dois maiores narcóticos", afirmava Friedrich Nietzsche. "A vida é uma opressão mecânica, e a bebida o único alívio", segundo Ernest Hemingway. "Eu tinha que estar sóbrio para ser convincente no papel de bêbado", disse Richard Burton que imortalizou, no cinema, uma galeria de beberrões, sendo ele próprio um alcoólatra.

Mas, na vivência, o álcool é tudo, menos criativo. Na vida real, o alcoólatra faz o papel de bobo da corte. Na vida real, a bela voz rouca de Ângela Rô Rô não encantava seus vizinhos que a viam seminua pelos corredores do edifício. Na vida real, Zeca Pagodinho já acordou ensanguentado, num hotel em New York, sem lembrar que havia decepado um pedaço de um dos dedos. Na vida real, um artista plástico famoso foi encontrado debaixo do carro, chorando a morte de Elis Regina, ocorrida há vários anos. Na vida real, Walter Clark, alcoolizado, foi atropelado por um carro. Na vida real, a adesão do jovem ao álcool é imediata. Já nos primeiros goles ele se sente mais solto, mais tranquilo, mais enturmado. E quanto maior o prazer, maior o risco da dependência.

O psiquiatra gaúcho Paulo Knapp, autor do livro "Prevenção da Recaída", explica que enquanto a dependência psicológica da cocaína pode ocorrer em dez semanas, a da maconha em dez meses, a do álcool leva pelo menos dez anos de uso constante. Mas, no final, a agressão ao organismo e o desperdício de vida acabam sendo iguais.

Reafirmo, com toda a convicção, que o álcool é traiçoeiro, gradativo e fatal. Ele está em todas as esquinas da vida. Não se dá um passo sem esbarrarmos nele. Nos restaurantes e nas festas, a primeira pergunta do garçom é "o que você vai beber?"

Giustina
Enviado por Giustina em 10/09/2011
Reeditado em 01/08/2014
Código do texto: T3211501
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