Imortalidade Fantasiosa

A reflexão que faremos teve motivação em recente trabalho, cujo objetivo foi registrar nossa ancestralidade, nossa descendência, nossas amizades mais duradouras, enfim nossos amores maiores. Não só registrar, mas lançar esses registros nas “águas internéticas” do nosso recanto encantado das letras.

Qual a motivação maior para tal?

Porque muitos trabalhos divulgam os verdadeiros ídolos e as celebridades comuns a maioria de nós? Ou seja, porque divulgam esses nossos amores maiores: avós, pais, mulher amada, filhos, irmãos, netos, amigos e todos aqueles, que como esses, marcaram nossas vidas?

Acreditamos que a maior motivação está no desejo que, apesar de racionalmente entendermos como fantasioso, o emocional, o passional nos arrebata a acreditar ser possível imortalizá-los, por meio desse mergulho nas águas virtuais.

Ao elaborarmos o registro para cada um deles, no caso de já terem partido desse mundo físico, dentro ou antes do combinado, a saudade e as lembranças os renascem nos textos ou melodias de autoria dessas mesmas saudade e lembranças.

Ainda no caso de terem partido, durante aquele esforço prazeroso, ocorre um conviver mágico, quase uma experiência mediúnica, a qual nos convence de que voltaram, ou voltarão à vida física.

Já, com aqueles, ainda, protagonistas da bela peça da vida ocorre o mesmo e aquele esforço prazeroso nos convence de que os laços foram fortalecidos.

Mas, ao divulgarmos o trabalho, ao lançarmos nas águas virtuais, somos convencidos de que aquela volta à vida física e a participação daqueles protagonistas na peça da vida são definitivas. Imortalidade fantasiosa...

Semelhante à lenda amazônica do Tambatajá, assim como após a morte, o casal de índios renasceu no tambatajá, é como garantíssemos aos nossos amores maiores seus renascimentos nos textos, rimas e melodias aos mesmos dedicados e lançados ás águas com a mesma esperança do náufrago, que lançou seu bilhete de socorro dentro de uma garrafa.

Lançados às águas com a mesma fantasia e paixão quando em nossa infância construímos barquinhos de papel e os deixamos ser levados pelas correntezas dos riachos de chuvas nas sarjetas de ruas dum passado presente.

Quando alguém, ao navegar pela magia das “águas internéticas”, ouvir, ler ou olhar sobre nossos amores maiores, estará prorrogando suas existências. Oxalá sejam muitos, para que garantam prorrogação infinita...

Quando alguém deparar-se com a coragem imigrante dos avôs, com a beleza das mulheres alicerces da família: avós, mãe e mulher; quando alguém apreciar o viço da juventude e a força da maturidade dos filhos; quando alguém enternecer-se com o versinho de boas vindas para o neto; quando alguém identificar-se por ser xará dum grande amigo, ou porque celebrou a amizade, ao deixar-se viver o registro, então esse alguém colocou um tijolinho na construção da imortalidade fantasiosa de nossos amores maiores.

Demitamos, ou demos férias coletivas ao racional. Que o nosso emocional torne imortais nossos amores maiores.

Imortalidade fantasiosa...

J Coelho
Enviado por J Coelho em 10/09/2011
Reeditado em 01/07/2012
Código do texto: T3211939
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